Primeiro grande conflito após a
segunda guerra mundial sob o signo da Guerra Fria.
Coreia está próxima da China, da
Rússia e do Japão.
A fronteira entre as duas coreias
é uma das regiões (se não a mais) mais militarizadas do planeta.
A coreia era um território chinês,
agregado ao império chinês. Quando esse império entra em decadência, ele começa
a perder partes de seu território.
A Indochina, por exemplo, foi
incorporada pela França.
Bom, como o contexto era de
Guerra Fria, acontecia o seguinte:
Para o governo soviético, esse
momento pós-guerra era de reconstrução interna do país, de suas cidades e seu
parque industrial. Mas para além de suas fronteiras, Stalin concentrava seus
interesses na formação de um bloco de países aliados e afinados com os
interesses russos.
Política e militarmente, a zona
do leste europeu ficou sob a sua esfera de dominação.
Já os EUA pretendiam expandir
comercialmente, vender seus produtos e fazer com que sua cultura penetrasse diferentes
pontos do globo. Diferentemente dos soviéticos, os estadunidenses não
precisavam reconstruir internamente suas cidades, nem investir pesado no parque
industrial.
Por isso esse período pós-guerra
foi uma época de ouro para os EUA.
Nessa Nova Ordem mundial, os EUA
e a Rússia consolidavam seus domínios estabelecendo uma política diplomática de
plena negociação por zonas no globo. A Coreia foi o melhor exemplo dessas
negociações diplomáticas entre as duas superpotências.
Em 1945, antes do final da II
Guerra, os líderes mundiais já se reuniam para decidir o futuro político da
humanidade. Três deles em especial: Churchill, Truman e Stalin.
Esses caras sentaram numa mesa de
reunião e fizeram um acordo, conhecido como Acordo de Potsdam. Dentre várias
coisas, foi decidido que os soviéticos só poderiam ocupar o norte da Coréia.
Os soviéticos já estavam na
Coréia porque estavam confrontando o Japão nessa guerra, que até então dominava
a região (sua colônia desde 1910): eles exploravam ela economicamente, extraiam
seus minérios e extraiam seus produtos agrícolas. Tudo em função de interesses econômicos,
industriais e comerciais.
O sul ficaria sob controle e
jurisdição dos EUA.
Entre as duas potências foi
criada uma linha imaginária (chamada de Paralelo 38) que passou a separar o
país em duas partes. Hoje, essa linha não é mais imaginária e se tornou uma
fronteira de fato.
Acontece que essa vergonhosa
divisão e decisão sob um país não levou em consideração a participação e
discussão dos líderes locais. Talvez essa foi a principal razão para o conflito
militar que aconteceria.
Essa divisão, aliás, trouxe
bastante frustração ao povo coreano e acirrou as disputas políticas no país.
Por quê?
Porque até 1945 a Coréia era uma
colônia do Japão, explorada. As péssimas condições de vida e as violentas
repressões que viviam o povo coreano fez surgir grupos, movimentos de luta
contra a dominação japonesa. Isso antes mesmo da II Guerra.
Esses movimentos de guerrilheiros,
com inspiração marxista e que buscavam a independência eram respeitados entre
os camponeses e trabalhadores. Muitos deles ajudaram na revolução chinesa de
Mao Tse Tung, que se completou em 1949.
Ou seja, quando o Japão se rendeu
no final da II Guerra, a expectativa do povo coreano em obter a sonhada
independência foi muito grande. Mas de subto eles foram divididos por interesses
maiores, capitalistas e socialistas.
Os capitalistas tiveram mais
problemas, obviamente. No sul ninguém queria apoiar o exército estadunidense.
Não havia funcionários leais a eles, tanto é que o governo do sul empregou
japoneses na nova administração, resultando em mais ódio do povo coreano.
O exército americano continuou a
caçar e marginalizar esses grupos que queriam a independência – claro, eles
tinham propostas comunistas. Fechavam seus sindicatos. Prendiam, torturavam
seus líderes políticos. Isso contribuía para o aumento da tensão.
Houve greve por todo país,
passeatas e todo tipo de revolta por conta desse “sentimento de continuísmo”
que os EUA impuseram ao povo do sul.
Tanto isso foi problemático que
os EUA, como um país democrático, optou por não liberar a democracia na Coréia
do Sul, porque se isso acontecesse, eles sabiam, o mais votado não seria alguém
de interesse do próprio EUA. Então eles mantinham como presidente um libera
conservador, chamando Syngman Ree, que foi muito impopular.
Em 1949 o governo de Ree mantinha
em cárcere 36 mil prisioneiros políticos e um saldo de mortes de mais de 100
mil pessoas.
E a Coreia do Norte?
Lá a situação era oposta. O líder
nomeado pelos soviéticos para ficar no Norte foi Kim II Sung.
Esse presidente, logo de cara
lançou programas comunistas de governo: reforma agrária das grandes
propriedades, estatização do sistema financeiro e industrial. Lançou programas
sociais pra combater o analfabetismo, a fome, etc.
Ou seja, Kim era popular... tanto
no Norte como no Sul. E ele tinha uma ambição política: unir as duas coreias
novamente.
Por isso ele promovia o
contrabando de armas para os guerrilheiros comunistas da Coréia do Norte, para
enfrentar o governo estadunidense.
Mas foi só em 1950 que o exército
de Kim ultrapassou o paralelo 38 e em poucos dias, muito bem armados pelo
governo soviético, já tinham 80% do território coreano em mãos.
Truman, então, autorizou a vinda
de soldados americanos para o país e a ONU, claro, colaborou com ele, também
enviando tropas.
Foi uma guerra em que as novas
armas, canhões, tanques e principalmente caças de guerra foram testados
regularmente em combates.
Bom, em principio essa Guerra da
Coreia se concentrou exclusivamente na expulsão das tropas norte-coreanas do
território sul-coreano, mas conforme eles vinham tendo sucessivas vitorias, os
planos de Truman passaram a ser mais ambiciosos e ele convenceu ao Conselho das
Nações Unidos votarem uma resolução para invadir a Coreia do Norte e unificá-la
ao Sul.
Adivinha? Foi aprovado. Exército
americano então ultrapassa o paralelo 38, com uma força de 70 mil soldados de
seu país, mais 30 mil soldados de diferentes países e tomaram Pyongyang, a
capital da Coreia do Norte.
Acontece que os EUA não contavam com uma coisa. O norte da coreia era socialista. Assim como o pais fronteiriço deles: a China.
Os chineses organizaram um ataque
as tropas americanas, viajaram a pé para não serem notados e passaram a atacar
em todos os flancos, causando a perda de milhares de soldados americanos.
Foi tão desesperador que Truman
pensou em soltar mais uma bomba atômica entre a Coreia do Norte e a China. Os
ingleses e franceses não apoiavam, principalmente porque a Rússia poderia
lançar sua bomba sofre a Europa também.
Essa crise só começou a ser resolvida
no ano seguinte, em 51, com confrontos menores entre chineses e amricanos.
O candidato a presidente do EUA,
Eisenhower prometeu em sua campanha o fim do conflito. Dois meses após sua
posse, foi assinado o termo de armistício, em 1953.
Tudo voltou ao paralelo 38 e é
assim até hoje. O saldo de mortes chegou a mais de 4 milhões de pessoas.
Até hoje as Coreias buscam a
unificação, para prosperarem, mas nenhuma pretende ceder politicamente e a
Guerra ainda é iminente.
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