Principais causas da Revolução
O absolutismo de Luís XVI
(1774-1792) era baseado na teoria do direito divino dos reis: governava sem
nenhum empecilho à sua autoridade.
As finanças do Estado confundiam-se com as do rei, com a desordem administrativa, os gastos monumentais com a manutenção da luxuosa corte de Versalhes e os enormes custos das diversas guerras dos Bourbons levaram a França a uma insolúvel crise financeira.
Quais guerras? A famosa Guerra
dos Sete Anos (1756-1763) – que a França e a Inglaterra travaram, disputando o
território norte-americano, em que a França perdeu - e a da Independência dos
Estados Unidos (1776-1781) – em que a França, que perdeu, se vingou da
Inglaterra ajudando as pessoas dos Estados Unidos se tornarem independentes.
Com esses problemas, o Estado
impunha tributos, adotava medidas fiscais e comerciais, e buscava receita
orçamentária em tudo, prejudicando os negócios dos grupos capitalistas da
França – os burgueses.
Em meio a esse quadro, em 1786 a
França estava desesperada e acabou assinando com a Inglaterra um tratado. Nesse
tratado, a França poderia vender todo vinho que tinha pra Inglaterra pagando baixíssimas
taxas alfandegárias... mas a Inglaterra poderia fazer o mesmo, vendendo tecidos
para França.
Isso enfureceu os ânimos dos
burgueses que cuidavam de indústrias manufatureiras, porque agora teriam que
competir com o mercado externo. Perdiam lucros. Fora os impostos, proibições e
regulamentos do Estado absoluto, que atrapalhava a ascensão economia da
burguesia.
Embora o papel econômico da
burguesia fosse essencial para o Estado, ela não tinha influencia política e
era marginalizada socialmente.
A sociedade francesa desse
período era estamental. Dividida em camadas.
Dizemos que havia o primeiro, o
segundo e o terceiro estado.
No terceiro estava o povo, que
sustentava as outras duas camadas com tributos. Eram os burgueses (banqueiros,
industriais, comerciantes, profissionais liberais, funcionários públicos ou
mesmo pequenos comerciantes); camadas populares (artesãos, operários, camponeses,
servos, etc). A maioria da população fazia parte do terceiro estado – mais ou
menos 25 milhões de pessoas.
O segundo estado era composto
pela nobreza, que tinham vários privilégios judiciários e fiscais. Havia a
nobreza de sangue, composta por nobres de origem feudal, aristocrática e a
nobreza de toga, que era composta por pessoas que obtiveram o título de nobreza
por compra ou mérito.
Já no primeiro estado estava o
clero, dividido em alto clero (os cardeais, bispos, arcebispos, todos de origem
nobre) e o baixo clero (padres, frades, de origem pobre). Estavam isentos de
qualquer tributação.
Essa situação estamental era
denunciada pelos filósofos iluministas, os “filósofos da razão”, que mostravam
que essa estrutura sociopolítica não ajudaria nunca a economia e o iluminismo
acabou se tornando bandeira ideológica para Revolução que viria a seguir.
O início da Revolução
Então, a partir de 1786, com a
concorrência dos produtos industriais ingleses (têxteis e metalúrgicos), surgiu
uma onda de falências, acompanhada de desemprego e queda de salários,
arruinando o comércio nacional.
Se levarmos em consideração os
aspectos naturais, os fenômenos climáticos (secas e inundações) que eles
sofreram, perceberíamos que a coisa não ia nada bem.
Os produtos subiram seus preços
por conta da pouca produtividade e começou uma insatisfação geral.
Aí umas coisas interessantes
começaram a acontecer: políticos, ministros, começaram a propor projetos
reformistas para França, que eram barrados pela aristocracia. Por exemplo,
Charles Alexandre de Calonne convocou a Assembléia dos Notáveis – havia também
a Assembléia dos Comuns, para o resto da população - e propôs a redução de
alguns privilégios da nobreza e do clero e defendeu que todos deveriam
contribuir no pagamento de impostos.
Resultado? Ninguém aceitou e ele
acabou caindo fora da política (demitiu-se ou o demitiram).
A miséria e fome se alastravam
pela França, enquanto a nobreza, que contava com cerca de quatrocentos mil privilegiados,
negava-se a admitir qualquer mudança, formando uma espécie de “reação feudal” –
não iriam abdicar de elementos feudais em sua política. Eles não desejavam
revolucionar a ordem vigente, e sim sobreviver a ela.
Foi quando um cara chamado Necker
tornou-se ministro das finanças, no lugar do Calonne e se tornou ministro das
finanças. Ele, então, convence o rei a convocar os Estados Gerais.
A Assembléia dos Estados Gerais
não era convocada desde 1614. E estamos, agora, estudando o ano de 1786. Nessa
assembléia eles reuniram o primeiro, o segundo e o terceiro estado.
Aí o bicho vai pegar.
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