quinta-feira, 31 de maio de 2012

A civilização dos Hebreus - Parte I





A civilização hebraica se desenvolveu na antiga Palestina e era cortada pelo rio Jordão, que fazia dos lugares próximos ao rio uma área muito fértil e favorável a prática agrícola e a sedentarização da população.

Já o resto era montanhoso, seco, pobre e era ocupado por vários grupos nômades que se dedicavam ao pastoreio.

Essa terra era conhecida como Canaã, devido seus primeiros habitantes, os cananeus, que chegaram à Palestina antes de 2000 a.C.

Tanto os cananeus quanto os hebreus eram de origem semita.

Semita é a denominação moderna dos descententes de Sem, que é mencionado no Antigo Testamento como filho primogênito de Noé. São os judeus.

Para os historiadores descobrirem sobre uma civilização tão antiga, usaram como fonte de estudo a Bíblia, porque a primeira parte dela (Antigo Testamento) mostra alguns elementos morais e jurídicos dos hebreus, algumas narrativas históricas e os valores religiosos. A Bíblia serviu também para guiar alguns arqueólogos para comprovar as coisas escritas no livro sagrado.

Religião e História caminham juntas no caso dos hebreus e não por acaso seus principais personagens e feitos estão normalmente envoltos de coisas sobrenaturais.

Existiam várias tribos semitas que se distribuíram por todo esse território e que guerreavam entre si atrás de escravos e terras.

Os hebreus eram um desses grupos e quando chegaram a Palestina teve início a disputa pelo domínio da região, que antes era dominada pelos cananeus e os filisteus.

Eles se organizaram em grupos familiares patriarcais (do grego pater) e seminômades. Estava iniciando as atividades agrícolas e pastoris.

O primeiro grande líder hebreu, segundo o Antigo Testamento, foi Abrãão. Originário da cidade de Ur, é considerado o primeiro patriarca hebreu.

Dirigindo-se à Palestina, Abraão anunciava uma nova cultura religiosa, monoteísta, que mais tarde cimentaria a unidade dos hebreus: estes acreditavam que Abraão recebera de Jeová (iavé), a promessa de uma terra para ele e seus descententes, que correria “leite e mel”.

Depois de Abraão, seus filhos Isaac – aquele que Abraão sacrificaria, filho da Sara -, e Jacó – mais tarde chamado de Israel - lideraram as tribos hebraicas.

Jacó deixou doze descendentes, que deram origem às doze tribos de Israel, que rivalizavam o território entre si e travavam sérios conflitos por isso.

Esses conflitos, mais as dificuldades econômicas fizeram com que muitos hebreus partissem para o Egito, onde permaneceram por muito tempo. O faraó os aceitou, porque eles produziam em suas terras e ainda as protegiam de invasões.

Mas depois de vários anos, os faraós começaram a praticar uma política xenófoba e acabou escravizando o povo hebreu.

A resistência hebraica à escravidão encontrou força na identidade religiosa monoteísta e para poderem se libertar da opressão egípcia, os hebreus empreenderam o Êxodo, liderados por um cara chamado Moisés e após perambularem durante quarenta anos pelo deserto, conseguiram retornar à Palestina.



Durante essa permanência no deserto, conforme conta a Bíblia, Moisés recebeu de Deus, no monte Sinai, os Dez Mandamentos, que eram um conjunto de determinações para a vida que os hebreus deveriam seguir.



Dessa forma Moisés avançava na unidade e coesão do povo israelita, acrescentando à sua chefia religiosa, política e militar, a autoridade jurídica. 


Depois de Moisés, que morreu antes de ver a terra prometida, veio a vez de Josué, que era ajudante de Moisés, e ele liderou o povo na conquista das cidades-estados da terra de Canaã, dentre as quais a mais importante foi a cidade de Jericó, que ficava as margens do rio Jordão.

Para que eles dominassem todo território, eles tinham de organizar um exército poderoso e para isso nomearam juízes para serem líderes militares.

Dentre esses chefes militares, se destacaram Gideão, Sansão e Samuel.

Esse último, em especial, buscou pôr fim às divergências tribais, visando à unidade política entre as doze tribos, o que só se concretizou com o seu sucessor...  Também conhecido como Rei Davi.

Antes de Davi, um cara chamado Saul tornou-se o rei hebreu. Mas esse rei não teve muito sucesso contra os inimigos e acabou se suicidando.

Antes disso, porém, deixou a mão de sua filha em prêmio para aquele que vencesse um guerreiro filisteu chamado Golias. David acabou se arriscando e numa pedrada certeira com sua funda, venceu Golias e garantiu seu casamento com a filha de Saul.

Com o suicídio do Rei, David passou a governar a tribo de Judá e o outro filho de Saul, Isboset, governou o resto de Israel. David e Isboset entraram em conflito até que o segundo foi derrotado e David tornou-se o maior rei da história hebraica.



domingo, 27 de maio de 2012

Revolução Russa - Parte III


(A Revolução fracassada de 1905. Um “ensaio geral”)

Em 1905, a Rússia foi derrotada pelo Japão em uma guerra pela disputa da Manchúria região do nordeste da China.


O descontentamento social, no campo e na cidade, somou-se à decepção com a derrota militar. Estava criado o clima para a revolta.

Em janeiro de 1905, foi feita uma petição ao czar em nome dos trabalhadores do campo e da cidade. Por sugestão de membros do Partido Social Revolucionário, foram incluídos no documento exigências bastante radicais:
liberdade de imprensa e de associação sindical,
direito de greve,
expropriação dos latifúndios,
convocação de uma Assembléia Constituinte,
ensino público gratuito e obrigatório,
jornada de trabalho de oito horas.

No dia 9 de janeiro milhares de operários e suas famílias se dirigiam ao Palácio de Inverno do czar, quando foram metralhados. Mais de mil mortos! Foi o denominado Domingo Vermelho ou Domingo Sangrento.

No dia seguinte teve início uma greve geral. Foi quando se criou em São Petersburgo o primeiro soviete, que eram uma forma de comissão ou de conselho de  operários, camponeses e soldados que funcionava para uma ajuda mútua entre os trabalhadores durante a greve.

Logo surgiram sovietes em outras cidades e regiões do país. Essa forma de organização, como veremos, foi muito importante no processo revolucionário.

A repressão czarista foi dura, conseguindo esfriar a luta revolucionária, mas quando chegou a notícia da derrota definitiva na guerra contra o Japão, o movimento ganhou nova força. A revolta atingiu o exército e a marinha, com grupos de soldados aderindo aos revoltosos.

Todo o ano de 1905 foi marcado por greves, protestos e revoltas.

No final do ano, depois de um endurecimento da repressão policial e da censura, com a prisão em massa de opositores e fechamento de sovietes, uma revolta armada de operários foi violentamente esmagada em Moscou.

A revolução estava derrotada.

Todavia, o czar cumpriu a promessa feita durante a revolta e permitiu o funcionamento de um Parlamento (a Duma) que era rigidamente vigiado pelo governo autocrático. O Parlamento pouco pode fazer para influenciar o governo czarista. Ao mesmo tempo, a repressão continuava implacável com os opositores.

A Revolução de 1905 foi depois denominada de “ensaio geral” para a Revolução de 1917, a que destruiria finalmente o regime czarista. De fato ela serviu de experiência para os revolucionários.

Ficou claro o caráter misto da Revolução de 1905.

Ela foi uma revolta liberal burguesa contra o regime autoritário.
Foi também uma reação violenta do operariado ao Domingo Sangrento, aos baixos salários e às demissões arbitrárias dos que ousavam reivindicar melhorias.
Foi também uma revolta dos camponeses, desesperada e violenta.

A fraqueza do movimento revolucionário foi, principalmente, o fato dessas três tendências da Revolução não estarem combinadas e articuladas entre si.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Unificação Alemã

O congresso de Viena formou na região norte da Europa a Confederação Germânica, composta por 39 Estados soberanos.

Dois Estados se destacavam nessa região:

1º Império Austríaco – absolutista e de economia agrária, cuja supremacia era garantida pelo número de Estados que tinha na confederação.

A Áustria se contrapunha a...
2º Prússia, que era mais desenvolvida comercialmente e industrialmente.
Elas se contrapunham no tocante as influências de poderes e alianças dentro da Confederação. E a Prússia tinha uma ambição interessante... ela buscava um grande Estado germânico afim de se afirmar internacionalmente.



O primeiro passinho para essa unificação foi em 1832, quando criaram o Zollverein – união alfandegária – que derrubou as barreiras aduaneiras entre os Estados alemães.

Isso fez com que o comercialismo e industrialismo alemão se desenvolvessem melhor.

Como a Prússia e a Áustria já trocavam faíscas, os prussianos pretenderam deixar os austríacos de fora do Zollverein, mas a Áustria ameaçou guerrear e fez com que a Prússia recuasse nessa situação.
A partir daí o Império Austríaco viu que poderia impor seus interesses dentro da Confederação Germânica (1820) e ela era contrária à unificação, enquanto a Prússia iniciou, principalmente a partir de 1860, sua luta pela unificação alemã.

Qual estratégia?

Exaltar o espírito nacionalista alemão por meio da participação em guerras. Quem estava a frente desse plano era o chanceler Otto Von Bismarck.



Otto Von Bismarck foi um diplomata e político prussiano. Um dos mais importantes para a Alemanha, inclusive, por lançar as bases do 2º Reich (Império) alemão.  Filho de uma família rica, grandes proprietários junkers.

Junkers são aqueles que fazem parte da alta burguesia e mantém alianças com os grandes proprietários aristocratas. Burgueses que conquistaram sua nobreza.

Ele queria a unificação alemã.

Então, retomando: O plano era exaltar o espírito nacionalista alemão por meio da participação em guerras.

Prússia e Áustria se juntaram numa luta contra a Dinamarca, chamada Guerra dos Ducados (1864), porque queriam a devolução de alguns ducados (Holstein e Schleswig) que ficaram com a Dinamarca por causa do Congresso de Viena.

Obviamente eles venceram, mas surgiu um problema aí e mais uma guerra: A guerra das Sete Semanas, em que a Prússia derrotou a Áustria nesse período. A disputa entre elas é óbvia: ambas queriam os ducados tomados da Dinamarca.

Além da Prússia ficar com os territórios em disputa, a Confederação Germânica ficou insustentável e chegou ao fim.

Os Estados precisaram se reorganizar e Bismarck, agindo em nome do kaiser Guilherme I Hohenzolern, colaborou para que surgisse a Confederação Germânica do Norte.

Já os Estados do sul mantiveram sua autonomia ou se renderam a influência austríaca. Eles eram um empecilho para unificação.

Outro empecilho era Napoleão III, que não queria uma potência em sua fronteira.

Bismarck, muito inteligente, explorou a rivalidade franco-prussiana e aí as tensões se aguçaram quando, em 1869, o trono espanhol ficou vago. A pessoa indicada para o trono foi um cara chamado Leopoldo Hohenzollern – primo do kaiser Guilherme I.

Napoleão III não gostou nada disso porque via um cerco dessa dinastia alemã ao seu país e vetou a sucessão ao trono.

Bismarck, então, aproveitou para forjar um estado de guerra entre França e Prússia. Ele alterou o texto de uma carta de Guilherme I ao embaixador francês.

Eles estavam se comunicando por cartas sobre assuntos relacionados ao trono espanhol e o Guilherme I acatava algumas coisas impostas pelo Napoleão III.

Na carta,
O rei havia dito que não poderia se encontrar com o embaixador francês, se desculpou e explicou os motivos, enquanto Bismarck, após alterar o texto, disse apenas que o rei não pretendia se encontrar com o embaixador e não tinha mais nada pra falar com ele.

Isso soou ofensivo para os franceses e imediatamente foi declarada guerra.

Bismarck não declararia guerra só pra brincar e ele já tinha previsto algumas coisas:
1.       Que os Estados do sul da antiga Confederação Germânica se juntariam a causa prussiana.
2.       Que eles venceriam a guerra por isso.

Em 1871, para humilhação dos franceses, foi criado na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes o Segundo Reich alemão.

Derrotaram os franceses e unificaram o território graças ao sentimento de nacionalidade contra um inimigo comum. Com a vitória, foi feito o Tratado de Frankfurt que dizia o seguinte:
França tinha que pagar 5 bilhões de francos e entregar as regiões de Alsácia e Lorena, que eram ricas em minérios.

Isso tudo fermentou o revanchismo francês.

Com a unificação, a Alemanha cresceu vertiginosamente e em 1900 já produzia mais aço que a Inglaterra.

Suas industrias colocaram em risco a hegemonia britânica mundial e começou a causar um clima negativo na Europa, que nós chamamos de Paz Armada.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dialética (Reformar)



Hegel imaginou que para cada peça dualística ele poderia fornecer um dispositivo que fizesse com que essa dualidade produzisse um terceiro elemento que, ao nascer, imediatamente fizesse desaparecer seus progenitores e mostrar-se como uma “superação” desses elementos. Ele chamou a isso de dialética. A palavra já existia antes, mas não com essa função de matar os próprios pais e ainda por cima se proclamar como melhor que eles, como Hegel a instituiu. Assim, Hegel tentou fazer desaparecer do vocabulário filosófico a dicotomia espírito-matéria, sujeito-objeto, etc. Mas não conseguiu evitar que os filhos surgidos após a morte dessas dualidades, ainda que assassinos dos pais, não levassem o sobrenome do pai. De modo que a dialética produziu da dualidade espírito-matéria o Espírito, da dualidade sujeito-objeto o Sujeito e assim por diante. Marx pegou esse dispositivo. E fez o inverso: fez o filho surgido de cada dualidade, após matar os pais pelo seu próprio parto, ficar com o nome da mãe. Marx chamou o filho da principal dualidade, espírito-matéria, de matéria. Quando aplicou esse dispositivo de descrição, chamado dialética, ao mundo histórico-social, fez a dicotomia burguesia-proletariado morrer em nome do filho proletariado. No entanto, percebeu que Hegel tinha uma falha perigosa, a de que o filho trazia algo dos pais que poderia contaminá-lo e, então, tratou de dizer que o proletariado, ao nascer, não poderia ficar com o nome da mãe ou do pai, que tinha de ter um nome próprio que apagasse o passado dual. Chamou o proletariado de nova classe universal e, enfim, de classe nenhuma, de humanidade.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Encontrado o Ouro! – Parte II (Guerra dos Emboabas)

A extração  de ouro e diamantes no Brasil deu origem à intervenção regulamentadora mais ampla que a Coroa já havia realizado.


Ela elaborou várias medidas para organizar a vida social nas minas e em outras partes da Colônia, seja em proveito próprio, seja para evitar que a corrida ao ouro resultasse em caos total.


Um exemplo: como muita gente queria ir pra Minas, a coroa limitou a entrada dessa galera pra não desapropriar as regiões já ocupadas da colônia.


Outro: Pra reduzir o contrabando e aumentar suas receitas, a Coroa estabeleceu formas de arrecadação de tributos.


De um modo geral, houve dois sistemas básicos: o do quinto e o da capitação.

1.         O quinto consistia na determinação de que a quinta parte de todos os metais extraídos devia pertencer ao rei. Esse quinto era deduzido do ouro em pó ou em pepitas que eram levados as casas de fundição.
2.         A capitação foi lançada pela Coroa para lucrar mais ainda, porque era mais abrangente. Consistia num imposto cobrando por cabeça de escravos, produtivos ou não, de sexo masculino ou feminino, maior de 12 anos, que estivessem na região.


É interessante saber que, como os paulistas foram os primeiros a chegarem no local, a Câmara de São Paulo reivindicou junto ao rei de Portugal que somente os moradores da vila de São Paulo poderiam obter concessões de exploração.


Acontece que os fatos se encarregaram de demonstrar a inviabilidade do pretendido diante da onda não só de portugueses, mas de brasileiros, sobretudo baianos, que chegavam à região de minas.


Disso resultou a guerra civil conhecida como Guerra dos Emboabas (1708-1709)


O que foi essa guerra?
Foi uma sucessão de conflitos que opos paulistas (os bandeirantes que descobriram as regiões mineradores nos sertões de São Paulo) contra os emboabas.


Emboaba é uma designação genérica de forasteiros que avançaram em cima das regiões que os paulistas consideravam suas. Claro, boa parte do Estado de Minas Gerais de hoje, na ocasião era o sertão da capitania de São Paulo e Rio de Janeiro. Era uma área indefinida. Por isso chama-se Minas Gerais, já que as minas estavam espalhadas por um território indefinido.


E por que “emboaba”?
Emboaba é uma palavra de origem tupi, que significa “aves de pés emplumados”. Diziam isso porque os portugueses calçvam botas altas. Mas a palavra tem conteúdo pejorativo e passou a designar aquele que não era paulista.


Então essa guerra foi um conflito repleto de brigas, tiros, corre corre e que tomou conta da região durante alguns meses. Os paulistas pretendiam controlar a região a qualquer custo, porque tinham o monópólio da região nos primeiros tempos. Ocupavam cargos administrativos importantes, etc.


Mas os emboabas engrossaram a população e mudaram o jogo de forças. Passaram então a reivindicar os mesmos cargos dos paulistas. Daí o levante. Que é um levante dos emboabas contra os paulistas.


Os emboabas venceram os paulistas.
Venceram não só no campo militar, mas também no campo ideológico. * pesquisar Manuel Nunes Viana


Para a Coroa não era interessante os paulistas ficarem no poder da região das minas, porque eles eram considerados rudes, bárbaros, mal sabiam a língua portuguesa. Significaram um risco para o domínio português na América Portuguesa.


O conflito é resolvido em 1709, quando um governador chamado Antonio de Albuquerque consegue entrar na região, cria câmaras e leva o conflito pro âmbito do universo das disputas políticas nas câmaras municipais e vai nascendo aí o território, com seus edifícios de organização pública.


Mais do que a criação de Minas, isso tudo colaborou com a criação do próprio brasileiro!

Veja,
Houve a primeira grande diáspora histórica do. Conta-se quase 800 mil portugueses, quase 1 milhão de africanos, havia os índios na região e os colonizadores de pernambuco, de são paulo, etc. Esse caldeirão colaborou para formação do que é o brasileiro.


Por exemplo, o idioma portugues só se tornou dominante no brasil por causa do episódio do ouro de minas. Antes era um guarani codificado pelos jesuítas, que era falado em SP, no Amazonas, no interior do nordeste, etc.

Segunda Corrida do Ouro (década de 80 do século XX)