domingo, 11 de novembro de 2012

Origens da Segunda Guerra Mundial - Parte IV

Agora é a vez da Polônia. Por quê?


Existe um corredor que isola a Prússia Oriental do resto da Alemanha.


Hitler dá a entender que sua honra não lhe permite deixar por mais tempo populações alemãs sob o domínio polonês.


A Polônia está decidida a se defender, mesmo só. Porque nesse corredor, a República polaca já havia construída várias coisas, dentre as quais, ferrovias e não queria perder isso.


O curioso é que a Polônia foi criada no ano de 1919, depois da Primeira Guerra e do Tratado de Versalhes. Por isso a encrenca em querer recuperar esse território vem desde o ano da criação do país.


A França e a Inglaterra já estavam fartas das promessas de Hitler e ofereceram garantias para Polônia, Romênia e à Grécia de proteção. Ou seja, se prepararam para guerra.


Tanto isso é verdade que a Grã-Bretanha adota a conscrição (serviços militares obrigatórios - conscrições são trabalhos requeridos por uma autoridade). Prova de determinação, mas não de eficácia.


França e Grã-Bretanha estão vários anos atrasadas em relação à Alemanha. Qual o plano deles então? Se aliar a URSS.


E lá vão nossos heróis para Moscou, conversar com Stalin quando, tandam, surpresa! Ele já tinha um pacto germano-soviético (Ribbentrop-Molotov).


O que diabos Stalin tá fazendo se aliando ao Hitler?


Talvez, primeiro: por causa do isolamento da Rússia na reunião de Munique, que decidiu o rumo de várias coisas relacionadas a Europa e principalmente a Tchecoslováquia.


Segundo: Stalin precisava ganhar tempo sem conflitos para construir melhor sua nação.


Terceiro: Um provável erro de Stalin: achava que a França era militarmente mais forte do que realmente era, daí para restabelecer o equilíbrio, aliou-se à Alemanha.


Esse acordo com eles previa uma não agressão entre esses países. 


Além de que a Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia e partes de territórios próximos entre eles.


E a Rússia poderia declarar guerra à Finlândia.


A Finlândia declarou a independência da URSS em 1817, quando houve a revolução e se aproximou bastante da Alemanha. Ou seja, para os russos recuperarem a Finlândia novamente, precisavam da aceitação dos alemães para isso.


Muito bem, assim que a França e a Grã-Bretanha descobrem esse pacto secreto dos russos e alemães, eles percebem que a guerra é inevitável. Menos o Partido Comunista, que teimava em provar que se tratava de um gesto pacífico.


Foi no dia primeiro de Setembro de 1939 que a Alemanha invadiu a Polônia. Dois dias se passaram e a França e Grã-Bretanha declaram guerra.


Começou a Segunda Guerra Mundial, que vai durar até Abril 1945.

domingo, 4 de novembro de 2012

Origens da Segunda Guerra - Parte III

Chegou a vez da Tchecoslováquia.

Um país sólido. O único com instituições democráticas e que funcionavam corretamente;


Tinha uma economia ativa, uma burguesia numerosa, tradições democráticas, enfim, era um Estado próspero. Mas fraco...


Porque era multinacional: tinha duas nacionalidades majoritárias: os tchecos na Boêmia e os eslovacos. Além de várias minorias, dentre os quais 3 milhões de... alemães.


Isso vai chamar a atenção de Hitler.


Além disso, a Tchecoslováquia ocupava uma posição estratégica importantíssima - Bismarck dissera que "quem tivesse nas mãos o quadrilátero da Boêmia seria o senhor da Europa". 


Ela estava no coração do continente europeu. E mais do que isso, tinha uma posição diplomática decisiva, pois era aliada da França e da URSS.






Como que Hitler vai triunfar sobre eles?



Muito astuto, ele vai aproveitar essa minoria alemã e organizá-los num partido, com a intenção de desagregar a nação por dentro (afinal, ela é multinacional). E ele vai conseguir fazer isso, graças ao proselitismo.



A opinião pública ocidental está dividida sobre o que Hitler está planejando. Uns acham um abuso de poder, mas temem enfrentá-lo. Outros acreditam que ele só quer reunir todos os alemães e julgam-no sincero quando ele diz que depois de todos terem regressado a mãe-pátria, não terá mais reivindicações.



Ninguém toma partido. Afinal, até que ponto valerá a pena resistir por causa da Tchecoslováquia?

De maneira geral, duas inspirações pacifistas e opostas se conjugam:
1. O pacifismo de direita, ditado pela simpatia ideológica aos regimes autoritários.

2. O pacifismo de esquerda, socialista ou sindical, que considera a guerra o pior dos males e acha que a paz, seja qual for o seu preço, sempre vale mais que uma guerra.



A Grã-Bretanha tenta solucionar o caso, envia mendicadores que sugerem ao governo tcheco fazer concessões substanciais aos alemães e também conversa com Hitler, mas ele não para de  reivindicar coisas.



Tudo está indo de mal a pior, quando Mussolini se mete entre Hitler, a Grã-Bretanha e a França e propõe uma conferência entre os quatro, que vai acontecer em Munique, nos dias 29 e 30 de Setembro de 1938.



Mussolini, Hitler, Edouard Daladier e Arthur Neville Chamberlain



O interessante é que a Tchecoslováquia, a principal interessada, está ausente.


A União Soviética também está ausente e essa exclusão terá consequências pesadas na guerra, porque Stalin vai começar uma negociação secreta e direta com a Alemanha. Falamos disso depois.


Bom, nesse encontro a França e a Grã-Bretanha concedem a Hitler praticamente tudo o que ele pede.


Desmantela-se a Tchecoslováquia, Hitler toma parte do país e os alemães se reúnem ao Reich. A outra parte torna-se a Eslováquia, mas passa a ser governada por um fascista que apoia Hitler.


As democracias acabaram de perder um aliado na guerra. E outros aliados ficaram bem desanimados.


Todos chegam a conclusão de que vale mais a pena confabular diretamente com Hitler do que contar com a proteção aleatória das democracias incapazes de entender-se.


Munique foi o acontecimento mais importante desse período. Ele não pôs fim às incertezas da diplomacia ocidental, nem as divisões das opiniões públicas francesas e inglesas.


Alguns ministros se demitem, desaprovando a atitude de fraqueza. Outros aplaudem e dizem que Munique assegurou a paz por uma geração.


Hitler resolverá essa divisão seis meses depois, quando ele decide que no dia 15 de março de 1939 invadiria o resto da Tchecoslováquia, rasgando seus compromissos.


Temos uma grande Alemanha agora, constituída pela Alemanha, a Áustria, a Boêmia e a Morávia (que eram parte da Tchecoslováquia). Também a Eslováquia, que era fantoche da Alemanha.


No mês seguinte, Mussolini, com inveja das conquistas de Hitler, invade a Albânia.






Podemos considerar alguns fatores para ele ter escolhido a Albânia. Primeiro, a Itália já explorava os minerais que existiam por lá desde 1925, segundo alguns acordos.


Segundo, eles passaram a controlar a entrada do Mar Adriático.


Terceiro, agora tinham fronteiras com os balcãs... um ponto estratégico para guerra.


Bom, Hitler conseguiu muita coisa... mas já tinha outro país na mira.


domingo, 21 de outubro de 2012

Guerra da Coreia


Primeiro grande conflito após a segunda guerra mundial sob o signo da Guerra Fria.



Coreia está próxima da China, da Rússia e do Japão.


A fronteira entre as duas coreias é uma das regiões (se não a mais) mais militarizadas do planeta.
A coreia era um território chinês, agregado ao império chinês. Quando esse império entra em decadência, ele começa a perder partes de seu território.


A Indochina, por exemplo, foi incorporada pela França.


Bom, como o contexto era de Guerra Fria, acontecia o seguinte:


Para o governo soviético, esse momento pós-guerra era de reconstrução interna do país, de suas cidades e seu parque industrial. Mas para além de suas fronteiras, Stalin concentrava seus interesses na formação de um bloco de países aliados e afinados com os interesses russos.


Política e militarmente, a zona do leste europeu ficou sob a sua esfera de dominação.



Já os EUA pretendiam expandir comercialmente, vender seus produtos e fazer com que sua cultura penetrasse diferentes pontos do globo. Diferentemente dos soviéticos, os estadunidenses não precisavam reconstruir internamente suas cidades, nem investir pesado no parque industrial.
Por isso esse período pós-guerra foi uma época de ouro para os EUA.


Nessa Nova Ordem mundial, os EUA e a Rússia consolidavam seus domínios estabelecendo uma política diplomática de plena negociação por zonas no globo. A Coreia foi o melhor exemplo dessas negociações diplomáticas entre as duas superpotências.


Em 1945, antes do final da II Guerra, os líderes mundiais já se reuniam para decidir o futuro político da humanidade. Três deles em especial: Churchill, Truman e Stalin.




Esses caras sentaram numa mesa de reunião e fizeram um acordo, conhecido como Acordo de Potsdam. Dentre várias coisas, foi decidido que os soviéticos só poderiam ocupar o norte da Coréia.

Os soviéticos já estavam na Coréia porque estavam confrontando o Japão nessa guerra, que até então dominava a região (sua colônia desde 1910): eles exploravam ela economicamente, extraiam seus minérios e extraiam seus produtos agrícolas. Tudo em função de interesses econômicos, industriais e comerciais. 

O sul ficaria sob controle e jurisdição dos EUA.

Entre as duas potências foi criada uma linha imaginária (chamada de Paralelo 38) que passou a separar o país em duas partes. Hoje, essa linha não é mais imaginária e se tornou uma fronteira de fato.

Acontece que essa vergonhosa divisão e decisão sob um país não levou em consideração a participação e discussão dos líderes locais. Talvez essa foi a principal razão para o conflito militar que aconteceria.

Essa divisão, aliás, trouxe bastante frustração ao povo coreano e acirrou as disputas políticas no país. Por quê?

Porque até 1945 a Coréia era uma colônia do Japão, explorada. As péssimas condições de vida e as violentas repressões que viviam o povo coreano fez surgir grupos, movimentos de luta contra a dominação japonesa. Isso antes mesmo da II Guerra.

Esses movimentos de guerrilheiros, com inspiração marxista e que buscavam a independência eram respeitados entre os camponeses e trabalhadores. Muitos deles ajudaram na revolução chinesa de Mao Tse Tung, que se completou em 1949.

Ou seja, quando o Japão se rendeu no final da II Guerra, a expectativa do povo coreano em obter a sonhada independência foi muito grande. Mas de subto eles foram divididos por interesses maiores, capitalistas e socialistas.

Os capitalistas tiveram mais problemas, obviamente. No sul ninguém queria apoiar o exército estadunidense. Não havia funcionários leais a eles, tanto é que o governo do sul empregou japoneses na nova administração, resultando em mais ódio do povo coreano.

O exército americano continuou a caçar e marginalizar esses grupos que queriam a independência – claro, eles tinham propostas comunistas. Fechavam seus sindicatos. Prendiam, torturavam seus líderes políticos. Isso contribuía para o aumento da tensão.

Houve greve por todo país, passeatas e todo tipo de revolta por conta desse “sentimento de continuísmo” que os EUA impuseram ao povo do sul.

Tanto isso foi problemático que os EUA, como um país democrático, optou por não liberar a democracia na Coréia do Sul, porque se isso acontecesse, eles sabiam, o mais votado não seria alguém de interesse do próprio EUA. Então eles mantinham como presidente um libera conservador, chamando Syngman Ree, que foi muito impopular.

Em 1949 o governo de Ree mantinha em cárcere 36 mil prisioneiros políticos e um saldo de mortes de mais de 100 mil pessoas.

E a Coreia do Norte?

Lá a situação era oposta. O líder nomeado pelos soviéticos para ficar no Norte foi Kim II Sung.
Esse presidente, logo de cara lançou programas comunistas de governo: reforma agrária das grandes propriedades, estatização do sistema financeiro e industrial. Lançou programas sociais pra combater o analfabetismo, a fome, etc.

Ou seja, Kim era popular... tanto no Norte como no Sul. E ele tinha uma ambição política: unir as duas coreias novamente.

Por isso ele promovia o contrabando de armas para os guerrilheiros comunistas da Coréia do Norte, para enfrentar o governo estadunidense.

Mas foi só em 1950 que o exército de Kim ultrapassou o paralelo 38 e em poucos dias, muito bem armados pelo governo soviético, já tinham 80% do território coreano em mãos.

Truman, então, autorizou a vinda de soldados americanos para o país e a ONU, claro, colaborou com ele, também enviando tropas.

Foi uma guerra em que as novas armas, canhões, tanques e principalmente caças de guerra foram testados regularmente em combates.

Bom, em principio essa Guerra da Coreia se concentrou exclusivamente na expulsão das tropas norte-coreanas do território sul-coreano, mas conforme eles vinham tendo sucessivas vitorias, os planos de Truman passaram a ser mais ambiciosos e ele convenceu ao Conselho das Nações Unidos votarem uma resolução para invadir a Coreia do Norte e unificá-la ao Sul.


Adivinha? Foi aprovado. Exército americano então ultrapassa o paralelo 38, com uma força de 70 mil soldados de seu país, mais 30 mil soldados de diferentes países e tomaram Pyongyang, a capital da Coreia do Norte.

Acontece que os EUA não contavam com uma coisa. O norte da coreia era socialista. Assim como o pais fronteiriço deles: a China.

Os chineses organizaram um ataque as tropas americanas, viajaram a pé para não serem notados e passaram a atacar em todos os flancos, causando a perda de milhares de soldados americanos.

Foi tão desesperador que Truman pensou em soltar mais uma bomba atômica entre a Coreia do Norte e a China. Os ingleses e franceses não apoiavam, principalmente porque a Rússia poderia lançar sua bomba sofre a Europa também.

Essa crise só começou a ser resolvida no ano seguinte, em 51, com confrontos menores entre chineses e amricanos.

O candidato a presidente do EUA, Eisenhower prometeu em sua campanha o fim do conflito. Dois meses após sua posse, foi assinado o termo de armistício, em 1953.

Tudo voltou ao paralelo 38 e é assim até hoje. O saldo de mortes chegou a mais de 4 milhões de pessoas.

Até hoje as Coreias buscam a unificação, para prosperarem, mas nenhuma pretende ceder politicamente e a Guerra ainda é iminente.

domingo, 14 de outubro de 2012

Seminário sobre STRESS



Apresentação TERMINADA
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Acho que temos boas razões para crer que todos os animais, exceto o homem, vivem em um presente contínuo. Já nós, ao contrário dos animais, temos um sentido não só do passado, mas também de futuro. Isso é legal, é saudável, principalmente pra quem estuda História, né... Mas veja, aí também está o germe de uma série de problemas.

Eu li a pouco tempo atrás o artigo de um historiador famoso, chamado Le Goff. Nesse artigo (chamado o Tempo do mercador e o tempo da igreja), ele tava preocupado em entender a mudança de noção de tempo na passagem da Idade Média para a Moderna e uma coisa me chamou a atenção e acho que é bastante pertinente pro que pretendo dizer aqui.

Ele defendia que o tempo, nesse período, era o principal dom de Deus ao homem e fazia parte do cristianismo. Não é por acaso que a usura era considerada errado, porque significa que há um roubo de um bem divino para o lucro próprio.

Quando você empresta dinheiro por juros, o tempo que passa entre o dinheiro emprestado e o devolvido é o lucro que o usurário vai ter.

O juros então é uma venda do tempo, portanto... Um pecado.

E por que o tempo era considerado um bem de todos? Por que hoje já não é mais. Ninguém tem tempo aqui.

O tempo era um bem de todos porque determinava a ação de todos por meio da liturgia católica – sino da igreja para acordar, se recolher, rezar, comer, etc: tempo da igreja está associado há um tempo natural de atividade.

Para além de exemplos religiosos, podemos citar também sociedades tradicionais, campestres, com diferentes medidas de tempo. Um exemplo: O tempo do pescador depende da natureza, das marés, dos ventos, enfim.

O tempo do relógio é desprezado. A natureza é quem determina as ações de trabalho.

Há também casos em que a atividade da pessoa que mede o tempo. Tirar a vaca do curral, cuidar das ovelhas, mandar ferrar o cavalo. Li numa carta da época: “tempo de uma mijada”.
Havia um ciclo muito irregular da semana de trabalho e isso provocou muita insatisfação nos moralistas e mercantilistas do século XVII.

Falo século XVII porque eu trouxe um poema dessa época, publicado em 1639, que nos dá uma versão satírica de como funcionava a coisa:

Sabemos que a segunda-feira é irmã do domingo;
A terça-feira também;
Na quarta-feira temos de ir à igreja e rezar;
A quinta-feira é meio-feriado;
Na sexta-feira é tarde demais para começar a fiar;
O sábado é outra vez meio-feriado.[1]

Então havia irregularidade antes da introdução da indústria, e o trabalho sempre alternava atividade intensa e ociosidade quando as pessoas detinham o controle de sua vida produtiva.

Claro que nem tudo eram flores. Existe uma canção do século XVIII, de Sheffield na Inglaterra, e se nós dermos crédito a ela, podemos notar uma tensão doméstica por conta disso.

Quando numa boa Santa Segunda-Feira,
Sentados à beira do fogo da forja,
Cantando o que se fez no domingo,
Com alegria jovial conspiramos,
Logo escuto a porta do alçapão se erguer,
Na escada está minha mulher:
“Ao diabo, Jack, vou bater na tua cara,
Tu levas uma vida de bêbado irritante,
Ficas aí sentado em vez de trabalhar,
Com o cântaro sobre o joelho;
Maldito, tudo contigo é sorrateiro.
E eu a trabalhar para ti como uma escrava
(...)
Sabes que odeio discussões e brigas,
Mas não tenho nem sabão, nem chá;
Ou te endireita, Jack, abandona o barril,
Ou nunca mais vais dormir comigo”[2]

Percebemos aqui o confronto com a irregularidade do trabalho.

Conforme o desenvolvimento industrial das sociedades vai acontecendo, deixará de haver esse tempo litúrgico, deixará de haver a Santa Segunda-Feira, e passará a existir um “tempo material” – ou seja, o tempo do relógio.

E junto com essa nova medição do tempo, veio também novas disciplinas:

Essas são as instruções que um diretor de fábrica deveria seguir.

Toda manhã, às cinco horas, o diretor deve tocar o sino para o início do trabalho, às oito horas, para o café da manhã, depois de meia hora para o retorno ao trabalho, ao meio-dia para o almoço, a uma hora para o trabalho e às oito para o fim do expediente, quando tudo deve ser trancado. [3]

Para nós, não passa de uma rotina. Aprendemos assim até na escola, com sinais, hora do lanche, etc. Mas nesse período, essa prática estava sendo introduzida e um dado curioso é que o diretor tinha ordens para manter o relógio de pulso “trancado a sete chaves a fim de impedir que outra pessoa o alterasse”.

Com essa nova rotina e disciplina, não é por acaso que no século XVIII aconteceu a famosa Revolução industrial.

Mas é no século seguinte que as mudanças de fato acontecerão, o relógio que antes era propriedade do patrão, passou a ser público. Slide BIG BEN.

Deixou de ser um artigo de luxo e se tornou de conveniência. Talvez porque as pessoas já haviam introjetado nelas o costume de utilizar o tempo artificial para se organizar.

Instalado no Palácio de Westminster durante a gestão de sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra, em1859.

E até mesmo Deus se tornou um relojoeiro. Em 1802, o teólogo inglês William Paley propôs o seguinte argumento tentando justificar a existência de Deus, que eu parafraseio:

"Imagine uma pessoa passeando em uma floresta. Essa pessoa é perfeitamente normal, mas ela nunca havia visto um relógio. Enquanto ela explora as belezas naturais, encantada com tantas árvores, flores e animais, depara um relógio de bolso jogado aos pés de um arbusto. Ela pega o relógio e, imediatamente, conclui que ele deve ter sido criado por Deus. Segundo essa pessoa, um instrumento de tal complexidade jamais poderia ter sido criado por processos naturais; era necessária a mão de Deus."

Tá, o que quero com tudo isso?

Apenas que vocês saibam que a difusão do relógio coincide com a revolução industrial e a sincronização do trabalho;

E é no tempo do relógio que está posta a máxima “tempo é dinheiro”, que vigora até hoje. PIOR!, esse tempo não pertencia a esses caras, nem pertence a gente. Afinal, nós vendemos nosso tempo... tá no seu contrato.

Não podemos passar o tempo. Nós gastamos o tempo.

Regulamos o tempo de lazer e o diminuímos caso ele coincida com o trabalho. Tempo ocioso deve ter uma utilização útil.

Por que surgiu um relógio como o Big Bem no ano de 1859? Porque foi em 1855 que o relógio de ponto, que individualiza o tempo que o empregado deve ao empregador foi criado.

Até mesmo nas reações operárias do período e de hoje em dia também, as lutas serão por meio do tempo:

Luta-se por 8h de trabalho, ou por hora extra.

E as greves? São uma resistência: para-se o tempo de produção.

Estamos regrados por uma ética do relógio,

Não é por acaso que hoje nós não podemos dar atenção a todas as pessoas ou a todas as coisas da cidade.

Nossas relações são impessoais e dependente de regularidade. Reguladas pela pontualidade, sempre com horários para cumprir.


Bom, tudo o que foi dito, não se trata de acusar o que as benesses da civilização nos trouxeram e apontar de maneira negativa. O que precisa ser dito não é que um modo de vida seja melhor do que o outro, mas que esse é um ponto de conflito de enorme alcance, ou seja, ao longo da História, podemos perceber que há valores que resistem antes de serem perdidos bem como resistem para serem ganhos. Resistência é uma palavra importante.

Então...  Me permitam uma reflexão então sobre o hoje em dia.

Segundo o site de etimologia origemdapalavra.com.br, estresse tem um equivalente exato na língua portuguesa: tensão.
Se formos mais a fundo, encontramos a origem da palavra no verbo DISTRINGERE (dis – “afastar” mais stringere – “apertar, atar”). Isso era entendido como um “sequestro legal de bens para pagamentos de algum tipo de indenização”

Ao longo do tempo ele irá sofrer inúmeras alterações, vai passar pelo francês “DISTRECE” e chegaria ao inglês DISTRESS (sofrer, angústia), enfim. Posteriormente encurtou e se tornou o famoso SRESS que acomete boa parte de nossa geração.

Durante esse percurso, eu selecionei alguns significados que a palavra ganhou ao longo do tempo, baseado no Oxford English Dictionary, com datação histórica:

1440 – Força ou pressão exercida sobre um objeto
1655 – Força ou pressão exercida sobre uma pessoa com o fim de compelir ou extorquir
1690 – Exercício extenuante, grande esforço
1756 – insistência excepcional, ênfase
(Oxford English Dictionary)

1936 – Qualquer agente ou estímulo, nocivo ou benéfico, capaz de desencadear no organismo mecanismos neuroendócrinos de adaptação.
(Hans Selye, em 1936.) – Hans Selie

Definição dada por um médico e pesquisador austríaco de que trabalhava na Universidade de Montreal, no Canadá, em 1936. Ele pega o termo “stress” emprestado da engenheira. Originalmente é dessa área do conhecimento que vem o termo. E ele adapta.

Um dado curioso, porque no mesmo ano de 1936, um famosíssimo cineasta britânico representava com seu personagem vagabundo a vivência em meio a toda modernização e industrialização da época.

TEMPOS MODERNOS:

O stress talvez esteja próximo de uma forma de alerta para algo que não tá indo bem, aparentemente individual... mas que na verdade assola toda uma coletividade.

Acontece que o stress não vai culminar em greves. Ninguém vai protestar contra seus patrões alegando que eles não estão satisfazendo sua necessidade de indolência e beleza espiritual.

Se não é nas greves ou formas de protestos mais comumente vistos em tempos passados, no que o stress de hoje - entendido como um alerta (do nosso corpo, que mostra que algo está errado) - pode resultar? Talvez no uso de drogas, na ansiedade pelo final de semana já no domingo a noite, no uso de remédios, na busca por terapias para o corpo, para mente, que seja...

Vivemos numa sociedade que, por conta da velocidade, faz a gente perder a fruição da experiência.
Não é por acaso que essas doenças - chamadas doenças do Século XXI - estejam ligadas ao tempo (ou a falta de...).

Stress, transtorno de ansiedade. Piração com a estética, essa coisa de não querer envelhecer. Depressão.

Vamos pensar na depressão: algo que assola pessoas que se sentem insuficientes, incapazes de acompanhar a onda e por isso são infelizes. Ou o contrário: pessoas que surfam nessa onda e vão além e bang, Síndrome de Burnout – se sentem excessivamente ativas, que começam a pifar, desgastadas por conta de seus esforços físicos e psicológicos.
Sinal Fechado (1969) – Paulinho da Viola

Uma música que faz tanto sentido hoje quanto quando foi composta, em 1969.


[1] Divers crab-tree lectures (1639), p. 126, citado em John Brand, Observations of popular antiquities (1813), pp. 459-60,
[3] Law Book da Siderúrgica Crowley, século XVIII.

domingo, 23 de setembro de 2012

Origens da 2º Guerra Mundial - Parte II


Guerra Espanhola

A guerra da Espanha, que começa em 18 de Julho de 1936, será um palco onde os blocos contrários, democracias e regimes autoritários, irão se defrontar.

No começo, tratava-se de uma tentativa de golpe de Estado militar. Acontece que em 1931 a Espanha havia deixado de ser uma monarquia e passou a ser uma república. Foi assim durante 5 anos perturbados (2 anos de governo da esquerda, 2 anos da direita), até 1936.

O que aconteceu? Em fevereiro daquele ano, houve eleições gerais que deram poder a Frente Popular. Um grupo de partidos de esquerda coligados.

Isso incomodou grandes proprietários, ricos, militares e a Igreja. Deixou todos eles alarmados.
Foi quando no dia 18 de Julho de 36 estourou uma sublevação militar, que fracassou parcialmente.

Qual era o plano? Dominar o governo em 24 horas. Não conseguiu.

- Os guardas civis permaneceram leal ao governo;

- A marinha permaneceu fiel também – eles eram muito importantes, porque defendiam o Estreito de Gibraltar. O que impedia de fazer com que os insurrectos transferissem do Marrocos Espanhol (sua colônia) para a Península Ibérica os  exércitos com que eles contavam;

- A Catalunha e as províncias bascas, gratas à república por lhes haver reconhecido a autonomia, colocam-se ao lado do governo de Madri.

Mas o governo não tinha exército. Armou-se então, o povo; milícias improvisadas, coisas do tipo. Ninguém teve uma vantagem decisiva nessa história e a operação, que devia durar no máximo 24 horas, durou 3 anos.

Ao longo desse período, os insurrectos conseguiram a ajuda dos governos autoritários. Surgem voluntários fascistas. A Alemanha manda especialistas, técnicos da guerra aérea e de carros de combate.

Enquanto do lado republicano ficam as brigadas internacionais e também chegam voluntários, vindos de todos os países da Europa.

A guerra dentro da Espanha se torna internacional.

A Espanha se torna o terreno em que os blocos realizam grandes manobras. A Alemanha experimenta seu material, exercita seus especialistas, e a Guerra da Espanha é um ensaio da Segunda Guerra Mundial: bombardeio de cidades, destruição de Guernica, terror sobre a população civil de Madri e Barcelona, quinta coluna (grupos “traidores”): já eram os traços do que seria a guerra mundial, só que essa era dentro da Espanha.


Pablo Picasso

Essa guerra civil só vai terminar em março de 1939, deixando um milhão de mortos. Os nacionalistas triunfam sobre os republicanos. E quem comandava esses nacionalistas? O General Franco, que passou a chefiá-los. Sua atuação e seu governo é chamado de franquismo.

A partir de então, a França se vê cercada. Três regimes autoritários são seus vizinhos.

A Espanha franquista, a Itália e a Alemanha, entre os quais há uma solidariedade de interesses, laços e gratidão.

A França então se sente forçada a encarar a possibilidade de um conflito em três fronteiras: o Reno, os Alpes e os Pireneus.

O bloco totalitário sai reforçado da Guerra da Espanha e as democracias, isoladas e enfraquecidas.

O Anschluss

Enquanto a guerra civil espanhola acontecia, Hitler estava retomando suas ofensivas. Já em 1938, ele tinha assegurado a amizade italiana, as democracias estão muito ocupadas (ajudando os republicanos da Espanha e se ajudando), e o rearmamento alemão já fazia grande progresso.

E os EUA? Eles estavam isolados na América, por opção. Foi votado no Congresso deles leis de neutralidade, que os proibia de estabelecerem relações comerciais com os países beligerantes (em conflito); os navios não iriam mais se arriscar, como em 1917. Hitler estava livre.

Por isso ele atacou a Áustria de novo! Em fevereiro de 1938, a Alemanha havia pressionado o Chanceler Schuschnigg (que sucedeu a Dolfuss, assassinado pelos nazistas) a colocar um nacional-socialista no Ministério do Interior, chamado Seiss-Inquart.

Ou seja, o chanceler teve que colocar um inimigo na praça. Hitler, para dar uma prova de boa vontade ao povo austríaco para preservar sua independência, anunciou um plebiscito para todos votarem a favor ou contra a unificação com a Alemanha. 2/3 votou a favor.

Hitler queria mostrar pra Europa que o povo alemão estava com ele.

O ministro, então, chama as tropas alemãs para restabelecer a ordem pretensamente perturbada pelo chanceler. O governo Schuschnigg não podia fazer nada além de se demitir. Foi a invasão alemã, então. Em algumas horas, no sábado, 12 de março de 38, a Áustria é anexada à Alemanha.

A Europa não reagiu. A Inglaterra hesita. A França passava por uma crise ministerial. A Itália, que antes fez uma contraofensiva e não permitiu Hitler tomar a Áustria, agora se tornou cúmplice.

Hitler não parou por aí... era a vez da Tchecoslováquia.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Origens da 2º Guerra Mundial - Parte I


Entre 1919 – 1930

Configuração diplomática opõe dois campos:
Vencedores -> Potências empenhadas em aplicar as cláusulas do tratado de Versalhes. França está a frente.
Perdedores -> Revisionistas das cláusulas. Alemanha a frente.

Duas questões dominavam a conjuntura internacional.
1º Até 1928, a questão das reparações de guerra.
2º A partir de 1928, a questão do desarmamento -> Os países vencedores queriam diminuir o número de armas na Europa, principalmente dos países que perderam a guerra.

Em 1933, a Alemanha decide se retirar desse tipo de acordo, proposto pela Sociedade das Nações. Pretendem se armar. Por quê?

Porque em 1933 Hitler já era chanceler da Alemanha.

Calma.

A crise econômica também foi a crise da democracia, porque permitiu o surgimento de regimes autoritários. Como?

As consequências da crise fez com que os países se concentrassem no interior de si mesmos, num movimento oposto ao liberalismo econômico dos EUA (onde começou a crise).

Cada país ficou atrás de suas fronteiras econômicas, aumentou as tarifas alfandegárias e praticaram uma política rigorosa de separação.

As relações comerciais se rarefazem.

O nacionalismo econômico aparece e reforça o nacionalismo político e militar.

Essa inspiração nacionalista forma Estados de Guerra, feitos para ela.

Foi nesse nacionalismo e com essa ambição coletiva (de serem melhores, de se safarem da crise, de mostrarem pro mundo o quão são eficazes) que ganhou força o Nacional-Socialismo.

No dia 30 de janeiro de 1933, o Presidente Hindemburgo fez de Adolf Hitler um chanceler.

Isso é interessante. Hitler chegou ao pode pelas vias legais: não houve golpe de força nem na Alemanha, nem na Itália fascista de Mussolini. Lá, foi o Rei que deu o cargo para ele.

Então, pelo menos nas aparências, o fascismo e o nacional-socialismo respeitaram as legalidades constitucionais de cada país.

Hitler conquistou a maioria no Reichstag (parlamento). E aí, ele empreende uma transformação do sistema: dissolução de partidos políticos, de sindicatos, supressão das liberdades.

E daí ele põe fogo no Reichtag. E culpa os comunistas! Com isso ele cria um pretexto para que as pessoas tenham medo dos comunistas e para ele criar uma polícia especial para tomar conta da população. Vigiá-la.

Ele faz coisas boas também. Transforma a sociedade e a economia. Executa uns programas de governo para construir grandes obras públicas, dá trabalho aos desempregados e precipita o rearmamento, pulando fora do tratado que impedia isso, em 33.

Ele sair desse tratado tem um significado muito grande, porque indica o “fim da política fundada na assinatura e no respeito de acordos diplomáticos”.

Aí, em 1935, ele tá construindo aviões de guerra e restabelece o serviço militar obrigatório. Ao mesmo tempo que começa a ignorar as cláusulas militares do Tratado de Versalhes.

A Alemanha alcança e ultrapassa os franceses na quantidade de armas. A França não quer ficar atrás e começa a produzir também, adota o serviço militar e etc. Temos novamente uma corrida armamentista na Europa.

Só que o Estado alemão, quase uma máquina de guerra (espírito de guerra, armas para guerra, discursos explosivos) pretende conquistar e aumentar seu território... e isso vai culminar na invasão da Alemanha sobre outros países, em 1939.

Calma!

Por que Hitler pretende conquistar novos territórios?

Porque ele quer reunir as minorias de mesma língua e mesma raça, saídas da Alemanha “sob imposição a vontade alheia” e que vivem em territórios diferentes e são dominadas por estrangeiros.

Acontece que isso que o Hitler quer ameaça todos os Estados vizinhos que compreendem essas minorias, como a Áustria, a Tchecoslováquia, a Polônia e até a França, por causa da Alsácia, que eles pegaram quando venceram a primeira guerra.

Como ele pega cada um desses lugares?

Na Áustria havia grupos de pessoas que apoiavam o nacional-socialismo. Radicais, em julho de 1934 eles assassinaram o Chanceler Dollfuss.

Esse chanceler era odiado tanto pelos socialistas, que ele atacou com o exército, quanto pelos nazistas, que queriam anexar a Áustria. Então ele não tinha muito apoio interno e foi alvo fácil.

Mas Mussolini não permitiu que a anexação do território acontecesse e enviou seu exército pra lá. Adiaram os planos nazistas.

Mas em 1935, um ano depois, eles conseguiram parte do território austríaco de maneira legal, prevista no Tratado de Versalhes. Acontece que a própria região que quis voltar a fazer parte da Alemanha por meio de votação.

Os nazistas vão montar em cima desses “direito dos povos” de escolher quem seguir ao longo dos próximos anos.

Mas veja você, se em 1934 Mussolino não ajudava Hitler em nada. Em 1935 a coisa toda vai mudar.
Mussolini pretendia dominar territórios na África. É, ainda falando de colonialismo no estilo mais clássico mesmo.

A Itália já mandava na Eritréia e na Somália italiana. Esses dois territórios eram separados por Jibuti, da França, e a Somália britânica e principalmente pelo império da Etiópia.

Desses três que separaram o território dos italianos, a Etiópia era o único país que não fora colonizado pelos europeus (dentro da África, apenas dois, o outro era a Libéria). Ou seja, “tava livre” para ser dominado.

Mas a Etiópia já era considerada um Estado. Era membro da Sociedade das Nações, que proibia guerra entre seus membros.



A Grã Bretanha não gosta nada disso e vai contra os italianos. A França, apesar de tentar fazer uma mediação, acaba apoiando mais a Inglaterra também, e isso tudo irrita o Mussolini, que decide invadir a Etiópia assim mesmo!

Daí os países começam aplicar sanções a Itália, mas ela resiste, porque sua principal fonte era o petróleo e nenhum país dos cinquenta e dois tiveram coragem de aplicar sanções a esse recurso.

Eles tomaram a Etiópia e, além disso, tornaram-se amigos dos alemães, que não se opuseram as atitudes de Mussolini. 

Em outras palavras, isso significou que a Alemanha saiu de seu isolamento político, já que a Itália se colocou ao seu lado.

Aí a Alemanha se sente muito mais confortável para agir e em 7 de março de 1936, Hitler reocupa a margem esquerda do Reno, que era da Alemanha, mas estava sob domínio francês.

Isso enfurece a França e os preocupam. Eles se sentem atacados e decidem reagir... até que percebem que não podem, porque os riscos são muito grandes para sua economia.

Aí seus aliados veem que a França não é tão poderosa assim e perdem a confiança neles, visto que ter a "proteção do Estado francês" não significava muita coisa".

Resultado: Bélgica volta a ser neutra. Polônia começa a se preparar para se defender. A Sociedade das Nações - que era liderada pelos franceses - começa a se desfazer: Alemanha saiu em 1933, Japão também, Itália em 1937.

É o fim da segurança coletiva.

A situação diplomática passa a ser dominada pela existência do Eixo.

Assim chamada porque a linha que liga Berlim a Roma traça um eixo vertical que divide o Leste do Oeste na Europa.

É quando a coisa começa a ficar feia e alguns confrontos começam a acontecer.

domingo, 16 de setembro de 2012

Açúcar e escravidão (Pacto Colonial)

O que é pacto colonial?

A economia da América colonial portuguesa deve complementar a metrópole. Ou seja, ela deve produzir aquilo que Portugal não produz.

Isso era necessário para que Portugal não ficasse para trás nas disputas das potências mundiais.

Ainda não havia sido encontrado ouro no Brasil, e para Portugal ter lucros, era preciso encontrar fontes alternativas de produção.

O pau-brasil tinha uma comercialização limitada e sua exploração era costeira. Não levava os colonos ao povoamento do restante territorial.

Isso tudo era um problema, já que o plano era povoar, ter lucro e se manter como potência.

Os portugueses tinham quase 100 anos de navegação, isso é muita experiência... e em suas outras colônias eles já tinham prática com as técnicas de produção do açúcar.

Nas Ilhas de Madeira e Cabo Verde... produziam cana-de-açúcar. Extremamente lucrativos.

Com isso, Portugal proporcionaria ao mundo o primeiro artigo de consumo em grande escala. O açúcar.

Ele já era conhecido na Europa, tinha sido apresentado pelos árabes à Europa Medieval, mas nunca em grande escala. Servia até de presente para os reis, de tão caro e raro.

As principais produtoras de açúcar foram as capitanias da Bahia e de Pernambuco. Mas também era produzida no Rio e em São Vicente, apesar dessas duas últimas produzirem mais cachaça.

Por isso o nordeste era a principal região econômica no "Brasil".

Os engenhos eram propriedades enormes onde havia próximo a Casa Grande do senhor de engenho e também a senzala.

Apesar de enormes, criavam animais e tudo o mais, não produziam o suficiente para sobreviver por si sós.

Logo, havia pequenos fazendeiros que plantavam outras coisas, como mandioca, milho, feijão e vendiam nas cidades e engenhos.

Ou seja, havia um Mercado Interno. Porém, esse mercado não dava conta de alimentar todos e consequentemente ocasionava fome e morte em determinados períodos. Dessa forma, a colonia dependia da metrópole para se reabastecer com produtos.

Daí o Pacto Colonial.

E quem financiava esse engenhos? Porque eles são caríssimos de serem mantidos: produto, técnica, mão de obra, etc.


No século XVII, a Holanda era uma das maiores potências econômicas da Europa. Um dos negócios mais lucrativos da burguesia flamenga tinha a ver com o açúcar do Brasil. Os holandeses financiavam a produção do açúcar, em troca recebiam o pagamento dos juros. Em várias ocasiões, os comerciantes portugueses contrataram companhias de navegação holandesas para transportar o açúcar do Brasil até Lisboa. Grande parte do açúcar saía do Brasil em estado bruto para ser refinado em Amsterdã.

Naqueles tempos, os burgueses holandeses monopolizavam muitas rotas de comércio de açúcar entre os países europeus. Por isso os comerciantes portugueses tinham de vender seu açúcar diretamente aos holandeses, que revendiam pelo resto da Europa.

No entanto, a ligação comercial amistosa que existia entre Holanda, Portugal e Brasil foi encerrada, quando aconteceu a União Ibérica, ou seja, o jovem rei português, D. Sebastião morreu sem deixar filhos e o parente mais próximo era o seu primo, Filipe II, rei da Espanha. Dessa maneira, Filipe II tornou-se também rei de Portugal. A União Ibérica durou de 1580 a 1640. Acontece que na época a Holanda estava em guerra com a Espanha, sua antiga metrópole.

Mitologia Grega - Surgimento do mundo e dos homens


Os gregos acreditavam que a Terra era plana e circular, como um disco. O país ocupava o centro desse disco, onde o ponto central era o Monte Olimpo – residência dos Deuses.

Campos Elíseos - Oeste
Para onde os mortais favorecidos pelos deuses eram transportados sem ter morrido e gozavam de imortalidade.

Hiperbóreos – Norte (Bóreas, o deus do vento norte)
Povo mítico que vivia no extremo norte da Grécia. Era uma nação desconhecida, perfeita, com sol 24 horas por dia.
“Venho de uma terra, numa região banhada pelo Sol. Onde dourados jardins florescem, onde os ventos do norte dormem em calma. E sobre nós jamais sopram”.

Etíopes – Sul
Significa “de rosto queimado” no Grego, representado pela África.

Rio-Oceano – Vinha do leste e circundava toda “ilha grega”. Abastecia o mar e todos os rios da Terra.

O que podemos concluir com essas informações?

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Sol, Lua e as estrelas nasciam do oceano, do Oriente.
“Agora o carro do dia, brilhante,
Lança o seu machado dourado
Na profunda corrente do Atlântico
E o Sol, declinando, envia o seu raio
Para cima, para o polo escurecido,
Rumando para outro alvo
No oriente, onde descansa.”

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A residência dos deuses era no Monte Olimpo, na Tessália.




A entrada era um portão de nuvens guardado por deusas chamadas Estações.

Apenas os deuses entravam ou saiam de lá;

Cada um tinha sua moradia, mas quando eram convocados, todos se encontravam no Palácio de Zeus.

Se banqueteavam com ambrósia e néctar, iguarias e bebidas. Enquanto isso, Apolo, deus da música, tocava sua lira, acompanhado pela voz das Musas.

As roupas e mantos que usavam eram criados por Atena e o arquiteto das casas do olimpo era Hefesto, que também era ferreiro, construtor, armeiro, artista de toda obra do Olimpo.

As casas eram de bronze; para ele, fez calçados de ouro e ferraduras de bronze para os cavalos. Cadeiras e mesas também. E suas servas também eram de ouro.

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O líder, pai de todos os deuses do Olimpo, era Zeus. Mas ele também teve um princípio.
Saturno (Cronus), era seu pai e Réia (Ops) sua mãe. Eles eram Titãs.

Haviam vários titãs no mundo. Os titãs são os deuses mais antigos, cujo poder foi transferido para os outros deuses que vieram depois.

Ofíon e Tia reinaram no Olimpo antes dos deuses gregos, até serem destronados por Cronus.
“E contou como a serpente, a quem chamava Ofíon, com Eurínome foram os que primeiro mandaram no Elevado Olimpo, donde foram expulsos por Cronus”

Cronos não era um deus bonzinho. Cronos era o tempo; e o tempo é a única coisa que devora tudo.


(Goya)

Ele devorou seus próprios filhos. Apenas Zeus conseguiu escapar e, quando cresceu, casou-se com Métis e o ajudou a se vingar de Cronus.

Ela preparou uma bebida mágica, uma poção, para que Cronus tomasse. Réia aceitou entregar a bebida para ele, e isso fez com que ele vomitasse todos seus filhos.

Zeus e os irmãos revoltaram-se contra seu pai e os irmãos de seus pais, os titãs.

Começou o que ficou conhecido como “Guerra Celestial” e os Titãs, após tempos e tempos de batalha foram derrotados e alguns aprisionados no Tártaro, outros receberam condenações diferentes, como por exemplo Atlas.



Assim, com Cronus fora do caminho, Zeus e seus irmãos (Poseidon e Hades) dividiram os domínios.
Zeus ficou com o céu, Poseidon com o oceano e Hades com o reino da morte.

A Terra e o Olimpo eram propriedades comuns.

E como o homem foi criado?

Zeus deu a tarefa de criar os homens e todos os animais para dois titãs, Prometeu e Epimeteu.
Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu encarregou-se da supervisioná-la.

Epimeteu distribuiu os dos de cada animal. Força para o urso, rapidez para a onça, asa para a águia, garras para o tigre, e assim vai.

Mas quando chegou a vez do homem, que ele deixou por último por ser um animal bípede, que anda de coluna ereta, olhando para frente, ele já havia distribuído todos os dons para os outros animais.

Então ele foi pedir ajuda para Prometeu.

Prometeu pensou numa solução. Ele subiu aos céus, no Olimpo e roubou o fogo dos deuses e deu-o aos homens.

Os deuses não gostaram nada disso, porque agora os homens tornaram-se independentes dos deuses. Se eles o castigassem com o frio, o fogo os esquentaria. Eles se protegiam dos animais com o fogo. Eles assavam sua comida. Etc.

Então os deuses decidiram castigar Prometeu e Zeus ordenou que Hefesto o acorrentasse no cume do Monte Cáucaso, onde todos os dias os corvos comiam seu fígado. E todos os dias seu fígado se regenerava.