terça-feira, 24 de abril de 2012

A crise do Império Romano - Parte III

Pg. 284 - As repercussões políticas

A crise do Império Romano – Parte II

A cidade deixou de ser o centro da vida no Império Romano. A coisa se voltou para o espaço rural. Houve uma ruralização da econômica.


Os latifúndios com seus colonos tornaram-se praticamente independentes do resto da sociedade. Tornaram-se quase autossuficientes.


Paralelamente a tudo o que vimos na aula passada, também estava ocorrendo as famosas “invasões bárbaras”, que entenderemos melhor em breve, mas já dá para ter uma ideia do que se trata.


Isso quer dizer que toda crise econômica que tava rolando, somada a insegurança provocada por essas invasões dos bárbaros, fez com que as pessoas abandonassem as cidades do Império e partissem para o campo (Êxodo urbano).


O centro de produção econômica passou a ser o feudo, ou seja, propriedades de terras em que havia construções protegidas por muros, fossos e outros tipos de fortificações. No centro dessas construções protegidas estava o senhor, que dirigia a vida política, militar e econômica de toda sua terra. Ao redor dele estavam as numerosas pessoas dependentes do senhor.


A economia então ficou estagnada. Como consequência, as vilas começaram a produzir de tudo, não necessitando comprar quase nada em outros lugares. Com isso o comércio de produtos travou e as cidades, centro de trocas, ficou na crise de vez (o que ajudou também no êxodo urbano).


E para o Estado? Como é que fica?  Ficou cada vez mais difícil de cobrar impostos.


Com menos dinheiro dos impostos, o Estado não tinha recursos para pagar as despesas. Que despesas: corte, administração pública, exército.


Para equilibrar isso, o Estado aumento os impostos e encarregou os grandes proprietários de terra de cobrá-los. Daí, uma característica muito importante: a máquina administrativa começou a se descentralizar.


Isso também não resolveu o problema e as despesas só aumentavam. Tava rolando uma invasão de bárbaros e era necessário legionários para proteger o Império. E pior! Era necessário pagá-los. Os legionários sabiam que o Estado dependia muito deles e aproveitavam para exigir melhores salários!


Se os impostos não resolviam, o que fizeram? O próprio Estado começou a emitir dinheiro. Beleza, ótimo, agora tem dinheiro... mas não havia produtos suficientes para comprar. Quem tinha os produtos aumentava os preços de todos os produtos que faltavam aos compradores.


Com isso os preços dos produtos subiam mais do que o aumento dos salários. E tandam!, tínhamos a inflação. É assim que ela funciona.


Com a inflação, o dinheiro valia cada vez menos e as pessoas compravam pouco. A produção caia. Os impostos rendiam menos ao Estado. Então, este emitia mais dinheiro para pagar os soldados. E a inflação aumentava de novo, num círculo sem fim.


Assim, a máquina do Estado se enfraqueceu.

A crise do Império Romano – Parte I


No século III de nossa era, o Império Romano começou a entrar numa crise que desintegrou todo seu sistema político e econômico que culminou, no século V, no que conhecemos como Idade Média.




Qual era o sistema econômico de Roma?

Primeiro, ele se baseava no trabalho escravo.


Toda produção vinha das grandes propriedades de terra – os latifúndios. Cada latifúndio produzia um ou dois tipos de produtos: eram especializados na sua produção.


Essa produção era vendida nas cidades e no mercado internacional. Tudo pelo Mar Mediterrâneo, que unia essas relações comerciais.


Esse sistema de produção dava muitos lucros aos proprietários das terras e aos comerciantes.
E o governo recolhia grandes somas em impostos em todo o Império e com esses recursos, o Estado pagava a administração pública e sustentava os legionários (soldados romanos).


Os salários dos legionários aumentavam constantemente. Claro, eles tinham uma funções muito importantes: guerrear, conquistar territórios e abastecer o Império com novos escravos.




Mas então, entre o século III e o século V, começou a tal crise e por causa dela a produção nos latifúndios diminuiu muito. Isso aconteceu porque havia menos escravos para trabalhar. E essa falta de escravos se explicava por três fatores: 1. Militar, 2. Religioso e 3. Econômico.


1.       Fator Militar: quem trabalhava nos latifúndios eram os escravos, e um latifúndio, para render e valer a pena, necessita de MUITOS escravos, baratos e em abundância. Como eles eram conseguidos? Por meio da guerra ofensiva. Mas as guerras estava diminuindo, porque os imperadores preferiram consolidar as fronteiras das regiões já conquistadas. Claro, Roma já era grande demais e tinha que se preocupar mais em se defender do que em avançar e atacar. Como resultado disso o número de escravos à venda caiu e seu preço aumentou. O trabalho escravo começou a gerar prejuízo.


2.       Fator religioso: No início do século III, o cristianismo já tinha um número razoável de adeptos no Império. E daí? Acontece que a doutrina cristã proíbe a escravidão. Liberdade era considerada um dom natural e a libertação dos escravos era considerada um ato piedoso, que contribuía para salvação da alma. Desse jeito, a expansão do cristianismo também fazia diminuir o número de escravos.



3.       Fator econômico: Nessa mesma época, os latifúndios começavam a ser divididos em pequenas propriedades. Já faltavam escravos e os que tinham à venda eram caros. Era muito difícil ter muitos, porque o dono precisa alimentá-los, vesti-los, vigiá-los (evitar fugas), e pra isso acabava gastando toda produção do seu latifúndio. Não sobrava nada para garantir algum lucro, que era necessário para comprar outros escravos, a fim de manter sempre um grande número deles. Do contrário, a produção caia e com isso viria o prejuízo.


Esse conjunto de motivos explica porque os proprietários de terras escolheram o sistema de arrendamento como saída para crise. O que é?


Nesse novo sistema, os trabalhadores sustentavam-se com o próprio trabalho, num pedaço de terra arrendado (“alugado”) pelo proprietário. Também dava casa aos trabalhadores. Como pagamento eles tinham de trabalhar na terra do proprietário alguns dias por semana.


Assim, os escravos que trabalhavam em grandes propriedades foram diminuindo. Alguns chegavam a comprar seu próprio pedaço de terra e tornavam-se livres, e foi assim que eles se elevaram a condição de colono (cultivador; que faz parte de uma colônia) e agora não mais tinham dono, mas estavam fixos a terra. Ou seja, eles não podiam ser expulsos ou vendidos ou trocados por um proprietário, mas por terem se tornado agricultores, deveriam ser agricultores para sempre.


Daí, damos o nome desse sistema de arrendamento de Colonato.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Encontrado o Ouro! – Parte I

Em suas andanças pelos sertões, os paulistas iriam afinal realizar um velho sonho dos colonizadores portugueses!


Em 1695, no rio das Velhas, no Estado de Minas Gerais, ocorreram as primeiras descobertas significativas de... Ouro!


A partir daí, os quarenta anos seguintes seriam de riqueza, com ouro em Minas Gerais, na Bahia, em Goiás e no Mato Grosso.


Essa exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e na Colônia.


Em Portugal, começou a primeira grande corrente imigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta anos do século XVIII chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico cerca de 600 mil pessoas, das gentes mais variadas: pequenos proprietários, padres, comerciantes, aventureiros, prostitutas e de todo tipo!


Por outro lado, os metais preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas financeiros de Portugal.


Que problemas financeiros?

Primeiro que ocupar a colônia foi muito custoso e eles não encontravam ouro. Passaram a cultivar o açúcar para ver se quebrava o galho e... até funcionou durante um determinado período de tempo.


Mas acontece que os holandeses tomaram o principal polo de açúcar da colônia portuguesa em 1624, o nordeste, e, quando foram expulsos na metade do século, esses holandeses já haviam aprendido as técnicas de cultivo da cana de açúcar e passaram a cultivá-la nas Antilhas.


Daí Portugal não só perdeu seu antigo monopólio como também não conseguia nem mesmo fazer frente ao preço e a qualidade do açúcar antilhano.


Ou seja, essa produção, outrora a mais lucrativa da colônia, já havia deixado de ser.


Além disso, no ano de 1703, Portugal e a Inglaterra fizeram um acordo para trocar panos e vinhos. A ideia era simples: Inglaterra supria Portugal com tecido de sua produção manufaturada e Portugal amassava uva para Inglaterra. Esse acordo é conhecido como Tratado de Methuen.


Acontece que os portugueses acumularam grandes dividas geradas pela necessidade crescente de se consumir os produtos ingleses, porque a demanda portuguesa por tecidos era bem maior que a riqueza produzida pela venda de vinho à Inglaterra.


Vamos devagar e entender isso melhor, porque é complexo! Por quê que os portugueses acumularam grandes dividas e precisavam consumir os produtos ingleses?


Porque a coroa portuguesa tinha um enorme império mercantil, mas todo lucro obtido nessa prática era revertido na forma de gastos que somente mantinham o elevado padrão de vida dos nobres e membros da família real portuguesa. Os recursos não eram usados para dinamizar a economia interna, criar mercados, novos produtos, manufaturas e eliminar necessidades de importar produtos. Daí, a balança comercial em Portugal estava desfavorável.


Mas então veio o ouro.

Esse desequilíbrio na balança comercial era compensado pelo ouro vindo do Brasil. Os metais preciosos realizaram um circuito triangular:

Uma parte ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza da região das minas;

Outra seguiu para Portugal, onde foi consumida no longo reinado de Dom João V (1706-1750), em especial nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco palácio-convento de Mafra;

Outra parte, finalmente, foi para em mãos britânicas, acelerando a acumulação de capitais na Inglaterra.


Mas por que justamente a Inglaterra se beneficiou sobre Portugal?

Porque Portugal, ao longo da História, viveu sofrendo ameaça da Espanha. Ao longo de toda história de Portugal foi assim e por isso ele também vivia contando com a ajuda da Inglaterra para se proteger. São aliados históricos!


Quando a União Ibérica terminou, em 1640, Portugal passou a ser governado por D. João IV, da dinastia de Bragança. Imediatamente Espanha declarou guerra a Portugal, que foi obrigado a estabelecer inúmeras alianças pela Europa, que agravaram ainda mais a crise que abatia o país.


Por isso Portugal foi obrigado a fazer concessões comerciais aos ingleses, que iam desde o a venda de produtos manufaturados com taxas alfandegárias reduzidas até a permissão para burguesia inglesa fazer comércio direto com o Brasil.

Esse é o Tratado de Methuen, também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos: Portugal comprava os produtos da Inglaterra sem cobrar taxas de alfândega muito caras, era protegido e vendia vinho.

O resultado não foi bom para Portugal, mas eles se manteram independentes, pelo menos.

Esse boom dos metais fez tudo mudar:

1.  Houve o deslocamento da população que corria atrás de ouro, tanto do litoral quanto da metrópole para o Brasil.

2.      Aumentou o preço de mão-de-obra escrava, porque se ampliou a procura.

3.  Em termos administrativos, o eixo da vida da Colônia deslocou-se para o centro-sul e especialmente para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos e por onde saía o ouro.


Não por acaso, em 1763 a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o Rio.

quinta-feira, 19 de abril de 2012


As Bandeiras

A grande marca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII foram as bandeiras.

O que eram? Expedições.

Reuniam milhares de índios e lançavam-se pelo sertão, passando meses e às vezes anos em busca de indígenas a serem escravizados e metais preciosos.

Mas índios caçavam índios?

Sim. Não é difícil entender que os índios já cativos participassem dessas expedições, porque a guerra era uma atividade própria do homem nas sociedades indígenas.

Haviam também os mamelucos (filho de índio com branco) e os próprios brancos.

Por exemplo, a grande bandeira de Raposo Tavares, que atacou a região de Guaíra em 1629 era composta de 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indígenas.

E quais eram as relações, os interesses da coroa e do bandeirismo?

Houve bandeiras que contaram com o incentivo direto da administração portuguesa e outras que não.

De modo geral, eles buscavam metais preciosos, o apresamento de índios e, não menos importante, a expansão territorial. Todos esses eram objetivos da metrópole!

Outros trabalhos, como guerrear também existia. Foram os bandeirantes que liquidaram com o quilombo dos Palmares em Alagoas (1690-1695).

Palmares foi o maior e mais duradouro de todos os quilombos brasileiros. Começou em 1597, quando cerca de 40 escravizados fugiram de um engenho no litoral nordestino e refugiaram-se na Serra da Barriga, em Alagoas. O lugar era cheio de palmeiras e daí o nome.

Quando os holandeses invadiram o nordeste (1624-1654) muitos escravos fugiram e o quilombo chegou a acumular 15 mil habitantes.


------------------------ SOBRE A HOLANDA
Você se lembra de que houve a União Ibérica, que durou de 1580 até 1640? Quando foi unificada a coroa portuguesa e espanhola. Felipe II era neto do rei de Portugal, D. Manuel I, e assumiu o trono.

Daí dois fatores importantes merecem destaques:
1.       O tratado de Tordesilhas podia ser ignorado.
2.       Espanha estava em guerra contra os países baixos. Uma guerra que não tinha nada a ver com Portugal. Agora, sob uma única coroa, os países baixos passaram também a atacar Portugal.

Por que eles estavam em guerra?

Os países baixos eram governados também pelo Império Espanhol de Felipe II.

e lutavam por dois motivos:
1.       Eles queriam ser independentes.
2.       Eles eram de maioria calvinista, enquanto a Espanha era católica.
------------------------ SOBRE A HOLANDA

Tinha de tudo por lá, africanos, descendentes de africanos, brancos pobres e índios.

Palmares estava sempre em guerra porque as autoridades portuguesas e os senhores de engenho não conseguiam ficar em paz sabendo que havia um lugar para seus escravos fugirem.

Nessas várias guerras, se destacou um carinha chamado Zumbi, que começou a liderar o grupo.

As autoridades então contrataram o mercenário Domingos Jorge Velho. Ele, com seu exército de 6,5 mil homens, derrubaram com balas de canhão as muralhas do quilombo. Foi um massacre para os quilombolas esse ano de 1694.

Zumbi escapou, mas foi morto no ano seguinte por traição. Morreu no dia 20 de novembro de 95. Por isso esse é o Dia Nacional da Consciência Negra.

Voltando às bandeiras. Eles desbravavam o território, descobriam-no, buscavam ouros e índios. Mas o que faziam com esses índios?

Vendiam como escravos em São Vicente... e também no Rio. Lá a produção de açúcar e trigo se desenvolvia.

Os dados indicam que pelo menos 1/3 ou 1/4 da força de trabalho dos engenhos no Rio era de índios.
Não podemos ignorar o fato de que entre 1625 e 1650 os holandeses estavam atrapalhando o comércio de escravos.

Não é por acaso que as bandeiras são marcas desse período.

Então...
Além dos holandeses atrapalharem a vinda de escravos africanos para a América Portuguesa, eles desorganizaram a vida nos engenhos do nordeste, quando invadiram, e colaboraram com a fuga de mais escravos. Daí Palmares abrigar tanta gente.

E, o tratado de Tordesilhas estava sendo ignorado... ou seja, a galera podia ir conhecer o território central.

Tudo isso influenciou para o bandeirismo.

terça-feira, 17 de abril de 2012


Diferentes maneiras de entender e contar o tempo

Em nossa sociedade, ter a vida “cronometrada” é coisa corriqueira. Sempre temos compromissos relacionados com o tempo: o horário da escola, das refeições, do trabalho, de tomar um remédio e por aí vai. Por isso estamos constantemente de olho no tempo... é quase impossível imaginar nossa vida de outro jeito.


Mas o que é o tempo?


Um padeiro tá sempre atento para quantos minutos o pão deverá permanecer no forno. Os pais ficam preocupados com o tempo que o filho passa na internet. Jogadores de futebol e torcedores ficam preocupados com o tempo de cada partida. Nós “enxergamos” o tempo de acordo com nossas necessidades. Esse tempo é marcado cronologicamente.


Por exemplo, em certas épocas e em certas regiões do mundo, muito tempo atrás, as pessoas não se preocupavam em saber quantos anos tinham. Nem sabiam! Não sabiam quando faziam aniversário, nem a hora do dia.


O que é cronologia? São as determinações de horários e datas que ordenam as coisas, desde coisas rotineiras de nossa vida, até acontecimentos históricos bem antigos.


Por exemplo, a história é divida cronologicamente em grandes períodos, que vão de uma data a outra. Um sucede o outro.






E o que o historiador deve pensar sobre o tempo?


O historiador estuda a cultura. A maneira como os seres humanos usam e aprendem sobre o tempo é o que o interessa para o historiador. Mas não só isso, ele também quer saber o que as pessoas fizeram em um determinado período de tempo.


O que é um período de tempo? Um espaço de tempo. Um período indica o espaço de tempo entre duas datas. Podem ser períodos curtos ou períodos longos.


Daí ele pode aprender como os homens em mulheres de uma determinada época pensavam, quais eram seus valores, o que vestiam, comiam, calçavam, como se divertiam, em que trabalhavam, estudar as formas de arte e o porquê de tudo isso.


Então o tempo histórico está relacionado ao modo de vida/cultura das pessoas. À história da humanidade.


O interessante do tempo histórico é que as mudanças que acontecem nele não são do mesmo jeito ou no mesmo ritmo de outros lugares, porque cada grupo humano tem um tempo e um ritmo próprios.


Vamos pegar como exemplo pessoas do campo e pessoas da cidade:


Quem vive no campo sabe que é muito importante o “tempo da natureza”, medido pelo dia e pela noite, pelas fases da Lua, pelas estações do ano. Afinal, essas divisões do tempo são essenciais para quem vive da agricultura, da criação de animais, da coleta de frutos, raízes e plantas em geração, ou caça e pesca. Precisam saber que época é melhor para semear e colher certos vegetais. Ou se vai pescar, tem que saber a época de reprodução dos peixes, o ritmo das marés e por aí vai.


E na cidade? Na cidade as preocupações são outras. Nós temos horário para pegar o ônibus, horário para evitar o trânsito na rua, horário que é perigoso ficar na rua, etc.


Formas diferentes de se ver e se organizar no tempo.


Graças a isso nós também podemos perceber que certas coisas mudaram no modo de vida das pessoas, enquanto outras permanecem iguais em certo período de tempo.


Calendário
Para identificar todos os momentos em que um fato histórico ocorre, ou seja, para datar um fato, nós devemos recorrer ao calendário, que serve para medir a passagem do tempo.


O calendário é um organizador e medidor do tempo.


Quem inventou o calendário? Ninguém sabe. O que se sabe é que diversas formas de calendário foram criadas por diferentes culturas. Por exemplo, o povo da babilônia, a milhares de anos atrás, organizaram o ano em 12 meses lunares, enquanto os maias, em 19 meses.


O calendário mais antigo de todos, que conhecemos, é o do Egito Antigo. Tem 6 mil anos e ele tinha como base a enchente anual do rio Nilo.


Os romanos contavam os anos a partir da fundação de Roma, correspondente ao ano 753 a.C do calendário cristão.


Nós usamos o calendário gregoriano. O papa Gregório VIII pegou o calendário Juliano (elaborado por ordem de Júlio César) e o reformulou, retirou 11 minutos e 14 segundos de lá. Isso foi o suficiente para darmos outro nome a ele.


É o calendário que está em vigor na maioria dos países. Também é conhecido como calendário cristão, e ele conta o ano com 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.


Além do calendário gregoriano, há outros três calendários ainda em uso: o chinês, o dos judeus e o dos muçulmanos.



Empresa Agrícola na América Portuguesa
Comentário: Essa aula tem como intenção apenas situar os estudantes do processo que culminou nas bandeiras e na atividade mineradora.

Era na região nordestina que estava concentrada as atividades econômicas e a vida social mais significativa da Colônia: nesse período, o sul foi uma área periférica, menos urbanizada, sem vinculação direta com a economia exportadora. São Paulo, por exemplo, tinha menos de 2 mil habitantes em 1600.


Não por acaso, Salvador foi a capital do Brasil até 1763.


O que fazia a colônia funcionar? As empresas açucareiras.


O açúcar ainda era uma especiaria no século XV-XVI. Artigo caro, valioso, usado como remédio ou condimento exótico.


Mas alguns livros de receitas do século XVI indicavam que o açúcar estava ganhando lugar no consumo da aristocracia europeia.


Consequentemente, logo passaria de um produto de luxo a um bem de consumo de massa.


Isso aconteceu porque nas décadas de 1530 – as capitanias se estabeleceram em 1534 - e 1540 a produção açucareira se estabeleceu no Brasil com bases sólidas.


Os portugueses já tinham certa experiência com a produção açucareira, porque já haviam iniciado há algumas dezenas de anos a produção em escala relativamente grande nas ilhas do Atlântico.


Isso foi uma medida política que fez com que os colonizadores deixassem de ser uma empresa espoliativa e extrativa para passarem a ser parte integrante da economia europeia. Porque agora se aplicavam técnicas e capitais para criar uma forma permanente de fluxo de bens destinados ao mercado europeu.


Mas o que fez com que os portugueses começassem essa prática agrícola?


Quando foram encontradas terras americanas, isso foi um episódio secundário para os portugueses durante todo primeiro quarteto do século XVI.


Mas quando a Espanha encontrou ouro nas civilizações mexicanas e andinas, aí a coisa tomou tamanha proporção que contrapôs os “donos” das terras – Espanha e Portugal - contra as demais nações da Europa.


O ouro, para essas nações, era o que mais importava. A partir desse momento a ocupação da América deixa de ser um problema exclusivamente comercial: agora também é um problema político, porque outros países tentarão estabelecer-se em posições fortes a fim de tomar o território, ou começar uma nova descoberta.


Essa pressão exercida pelas outras nações sobre Portugal e Espanha, que defendiam que eles não tinham direito senão àquelas terras que houvessem ocupado de fato, fez com que se desse início na ocupação do território.


Se não a ocupassem, a perderiam.


Mas isso poderia ser um baita de um prejuízo, porque eles precisariam desviar recursos de empresas muito mais produtivas do Oriente para ocuparem, já que isso demanda investimento: 

em regra, as plantações de cana demandam equipamento para processá-la, as construções, os escravos e outros itens, como gado, pastagens, carros de transporte, além da casa-grande.

A esperança de encontrar ouro pesou na decisão tomada pela ocupação.


O que eles fizeram então? Passaram a praticar a atividade agrícola. O que também era um risco enorme, porque a Espanha já havia tentado no México e não havia dado muito certo.


Fora que nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escola dentro da Europa. O principal era o trigo, mas já tinha muita gente produzindo isso por lá. Isso sem contar os fretes (taxações – protecionismo) para ir vender seus produtos em outros países, acabaria não sendo muito lucrativo. 


Daí a grande sacada: a produção do açúcar. Essa produção, porém, se por um lado começou muito valiosa, conforme aumentava a qualidade técnica do trabalho e mais se produzia, mais barato ele foi se tornando.


Mas sem esse esforço, a América portuguesa teria sido um ônus muito grande e dificilmente Portugal teria conseguido mantê-la. Por isso os portugueses desse período são universalmente conhecidos.


Além do açúcar, o fumo também foi uma atividade destinada à exportação, mas estava longe de competir com o açúcar. 


E, muito importante, foi no âmbito da produção açucareira que se deu com maior nitidez a gradativa passagem da escravidão indígena para a africana. Nas décadas de 1550 e 1560, praticamente não havia africanos nos engenhos do Nordeste, mas no século XVII eles já eram maioria.


Porém, apesar desses dados, pessoas de uma região continuavam caçando índios para escravizá-los sem parar, atacando as missões (grandes aldeamentos indígenas organizados pelos padres jesuítas) atrás de trabalhadores nas fazendas de trigo.


Isso acontecia em São Paulo, e esses caçadores/desbravadores são conhecidos com bandeirantes.

domingo, 15 de abril de 2012


Revolução Russa – Parte II (Grupos, propostas e partidos)


A modernização teve importantes consequências:
No campo ela enriqueceu uma minoria, que fornecia alimentos e matérias primas para os centros industrializados.

Na cidade ela fez crescer a burguesia industrial e o operariado.

Os filhos dessa burguesia enriquecida recebiam educação universitária e entravam em contato com a cultura francesa e alemã, além de buscarem tecnologia na Suíça e na Inglaterra.

Enquanto isso, o operariado urbano sofria uma dura exploração. Eram colocados sob a tutela dos empresários e o controle rígido da polícia.

Até 1905 não tiveram direitos de se organizarem em sindicatos.

As jornadas eram longas e os salários muito baixos.

A fraca legislação trabalhista era constantemente violada pelos patrões.

Nas cidades também estava se formando, influenciado pelas ideias ocidentais, uma camada de intelectuais novos, portadores de uma cultura não religiosa e relativamente marginalizada em relação às camadas aristocráticas.

Esse grupo será extramente importante porque estará presente na Revolução Russa em suas principais vertentes:
os que privilegiaram os camponeses, esperando promover a revolução no campo;
E os que viram no operariado urbano a base social para o movimento revolucionário.


As contradições da modernização
Tudo isso culminou numa situação contraditória e muito tensa.

Vejam;
Toda essa modernização e industrialização capitalista na Rússia foi conduzida pelo próprio Estado russo. E o que era esse Estado? Czarista, autoritário, que mantinha uma sociedade baseada nos privilégios de grupos aristocráticos e no controle social dos cidadãos. Um Estado que conservava a estrutura tradicional de poder nos moldes do Antigo Regime, ou pior!

E quem são os filhos dessa modernização patrocinada pelo Estado?

Vamos pegar os três grupos: os intelectuais – filhos da burguesia - com influência ocidental, os operários e os camponeses. Grupos sociais que se oporão à situação política russa.

Essa é a contradição: o Estado, representado na figura do Czar, se modernizava, mas as gerações que surgiram graças a modernização eram contrários ao czar – cada um, obviamente, conforme seus próprios interesses de classe.

As teorias revolucionárias

A revolução que ocorreu na Rússia em 1917 só foi possível porque havia projetos políticos para se implantar uma sociedade estruturalmente diferente da que existia.

Já que citamos os três grupos, vamos citar três revoluções em gestações:

1 - Uma delas seria a democrática burguesa, que, vitoriosa, removeria o poder czarista e estabeleceria um regime político parlamentar, com eleições periódicas, igualdade de todos perante a lei, a garantia da propriedade privada e a livre disposição dos bens, a liberdade de imprensa.
Mesmo esquema político de alguns países ocidentais.

2 - A outra revolução que estava no horizonte era a defendida pelos populistas, ou narodniks, que depois viriam a se organizar no Partido Social Revolucionário.
Para eles a revolução deveria ser feita a partir do campo.
A tradição russa da comunidade agrícola camponesa já seria a semente da futura sociedade socialista.
O plano era a implantação do socialismo a partir do campo, sem passar pela etapa capitalista.

3 - A terceira revolução possível seria aquela a ser liderada por um partido com base na classe operária. Essa seria a classe revolucionária.
Essa seria a revolução criada pelo próprio capitalismo e o agente da sua superação, que levaria a uma forma de sociedade mais avançada: o socialismo e, mais tarde, o comunismo.


Os partidos políticos
Para fazer valer essas revoluções, esses grupos se organizavam em partidos políticos. Haviam muitos partidos antes da Revolução de 1917, mas eles – excluindo aqueles que defendiam a ordem czarista – podiam ser agrupados, com algumas variações nos meios e nos caminhos escolhidos, em uma dessas três propostas revolucionárias.

Já que citamos três grupos e três propostas, vamos citar três partidos políticos por conta da clareza de suas propostas.

É importante saberem que havia muito mais do que isso, tanto grupos, quanto propostas, quanto partidos, mas não dá para falar de todos e estamos fazendo uma abordagem geral.

Partidos:
1.      Partido Democrata Constitucional, conhecido também como Partido Kadet; expressava as ideias liberais ocidentais, representando a burguesia industrial e financeira russa que ascendeu com o desenvolvimento industrial;

2.      Partido Social Revolucionário; pretendia representar os camponeses;

3.      Partido Marxista Russo dos Trabalhadores Socialdemocratas; resultado do crescimento do operariado urbano,

Esses partidos representavam respectivamente as três revoluções possíveis.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Revolução Russa - Parte I (Império Russo)

A revolução que abalou o mundo

A Revolução Russa, pelas mudanças que provocou em todo o mundo, pode ser considerada como um dos acontecimentos políticos mais importantes do século XX. Pela primeira vez um partido político marxista tinha conseguido tomar e manter o poder, criando um novo regime político e uma nova sociedade.


A partir da Revolução Russa (1917) toda a política mundial mudou. A “revolução vermelha” será considerada, nos países capitalistas do mundo, uma grande ameaça. Partidos comunistas surgiram em vários países, geralmente de uma cisão dos partidos socialistas existentes. Despertou-se um grande interesse pelas obras dos revolucionários russos, principalmente as de Lênin e de Trotsky.


Em 1917, teve início, no antigo Império Russo, a construção de um novo Estado, removendo, rápida e violentamente, tudo que representava o Estado e a sociedade anterior.


O Império Russo na segunda metade do XIX




Com um imenso território, enormes recursos naturais e uma população de cento e setenta e cinco milhões de pessoas [1] de várias nacionalidades, o Império Russo era uma potência com raízes culturais asiáticas e europeias.


            Em 1914 era o terceiro país do mundo em população, perdendo para China e a Índia, mas o primeiro em extensão territorial, com vinte e dois milhões de quilômetros quadrados. [2]


            Uma característica desse império gigantesco era a imensa pobreza da sua população. A maioria da população era constituída por camponeses que eram duramente explorados pela nobreza latifundiária e pelo próprio Estado, uma vez que cerca de 18 dos 40 milhões de camponeses da Rússia ocidental (europeia) estavam sob a sua administração direta.


            Em termos políticos, era uma monarquia oriental, autocrática, com o czar (imperador) concentrando os poderes. Desde o século XVII a própria nobreza latifundiária estava incorporada ao Estado, possuindo pouca autonomia em relação ao poder central. Tratava-se, portanto, de uma administração centralizada e burocrática que combinava o despotismo oriental com a racionalidade ocidental.

Havia ainda a união do Estado com a Igreja, incorporando numeroso clero da Igreja Grega Ortodoxa à estrutura administrativa do Estado. O ensino, nos seus diversos níveis, também estava sob o controle estatal.

Como bom autocrata, o czar russo considerava toda terra russa como sua propriedade. Então todos aqueles que viviam em suas terras deveriam prestar serviços ao Estado como súditos do czar.

No censo de 1897 o czar Nicolau II[3] respondeu à pergunta sobre a sua profissão: Dono da terra russa.

Não é por acaso, além de ser bem significativo o fato de ele ser considerado pela população como um pai.




Estrutura Social
        O Estado dividia a população em nobreza, clero, burgueses e camponeses. Havia a nobreza de sangue, hereditária, e aquela que ascendia por méritos, geralmente por serviços prestados ao Estado.


        Os burgueses também estavam divididos em categorias hierárquicas.


     O clero era mais um grupo profissional do que estamental, pois os que deixavam a função eram considerados burgueses, o mesmo acontecendo com os seus filhos.


    Os camponeses não estavam legalmente divididos em categorias, embora houvesse diferenças significativas entre os que serviam o Estado e os que estavam sob a dependência de particulares.



       Todavia, independente dessas diferenciações legais, a sociedade russa estava concretamente dividida entre os que tinham e os que não tinham privilégios.


Que tipo de privilégios?


       Não estavam sujeitos ao pagamento de impostos diretos nem a castigos físicos. Podiam ainda se locomover livremente pelo território do país. Mas somente os nobres e as categorias mais elevadas da burguesia, os denominados cidadãos notáveis, gozavam desses privilégios. Somados eles compunham apenas 1% da população.


         Já as demais camadas da sociedade, principalmente os camponeses, sustentavam esses privilegiados e os gastos do Estado com o seu trabalho, pagando pesados tributos. Para que isso funcionasse a população era rigidamente controlada pelo Estado.


Os camponeses estiveram submetidos à servidão até quase o final do século XIX. Formalmente, a servidão foi abolida em 1861, para os servos de particulares, e, em 1863, para os servos do czar e os da sua família. Mas na verdade a servidão continuou a existir sob outras formas. E de modo geral, os servos continuavam trabalhando como antes.


A servidão estava de tal maneira enraizada na sociedade russa, que o próprio sistema de arrecadação fiscal estava fundamentado nela.


 Isso tudo tornava dificultava o fim à servidão, já que a Rússia era um país em que havia muita terra e no qual a base da economia era a agricultura.


Daí a principal fonte de arrecadação do Estado ser a exploração direta do camponês por meio das pesadas tributações e dos diferentes impostos e por isso interessava ao Estado fixar o camponês à terra e, assim, garantir uma arrecadação estável dos tributos.


Um projeto do Estado
Mas é claro que o regime czarista, apesar do seu conservadorismo, não se manteria insensível ao que se passava na Europa ocidental, com todo desenvolvimento capitalista, modernização, partidos políticos, urbanização, escolas, direitos, cidadãos, classes trabalhadoras, etc. Nada passou despercebido.


Principalmente na segunda metade do século XIX os czares passaram a fazer reformas modernizantes. A ideia era dotar a Rússia de uma estrutura industrial poderosa, mas sem comprometer o exército russo utilizando seus combatentes nas fábricas. Por isso a abolição da servidão em 1861. Fez parte desse processo de modernização e o plano era transformar os servos agricultores e mão de obra industrial.


Também foram construídas milhares de quilômetros de ferrovias que agilizavam a mobilidade de recursos entre as áreas do gigantesco território russo.


Passou a ser produzido o ferro, o aço, a indústria mecânica e têxtil. Construção naval e o incremento da navegação à vapor.


Isso tudo liquidou o artesanato tradicional e fez surgir grandes indústrias. Algumas com mais de dez mil operários.


Essa modernização industrial teve efeitos culturais, sociais e políticos importantes, é o que vamos ver na próxima aula.



[1] O Brasil em 1865 tinha 9.114.000 milhões de pessoas, segundo consta o censo histórico do IBGE consultado em Abril de 2012. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censohistorico/1550_1870.shtm
[2] Hoje em dia, segundo o Wikipedia consultado em Abril de 2012, o Brasil tem 8 514 876,599 km² de extensão territorial. http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_do_Brasil
[3] Governou de 1894 até sua abdicação em 1917, quando renunciou. Ele e aqueles próximos a ele (mulher, filho, quatro filhas, servo, médico da família, cozinheiro e camareira) foram executados no porão de uma casa (Casa Ipatiev) pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de Julho de 1918.