A crise do Império Romano - Parte III
Pg. 284 - As repercussões políticas
terça-feira, 24 de abril de 2012
A crise do Império Romano – Parte II
A cidade deixou
de ser o centro da vida no Império Romano. A coisa se voltou para o espaço
rural. Houve uma ruralização da econômica.
Os latifúndios
com seus colonos tornaram-se praticamente independentes do resto da sociedade.
Tornaram-se quase autossuficientes.
Paralelamente a
tudo o que vimos na aula passada, também estava ocorrendo as famosas “invasões bárbaras”,
que entenderemos melhor em breve, mas já dá para ter uma ideia do que se trata.
Isso quer dizer
que toda crise econômica que tava rolando, somada a insegurança provocada por
essas invasões dos bárbaros, fez com que as pessoas abandonassem as cidades do
Império e partissem para o campo (Êxodo urbano).
O centro de
produção econômica passou a ser o feudo, ou seja, propriedades de terras em que
havia construções protegidas por muros, fossos e outros tipos de fortificações.
No centro dessas construções protegidas estava o senhor, que dirigia a vida
política, militar e econômica de toda sua terra. Ao redor dele estavam as
numerosas pessoas dependentes do senhor.
A economia então
ficou estagnada. Como consequência, as vilas começaram a produzir de tudo, não
necessitando comprar quase nada em outros lugares. Com isso o comércio de
produtos travou e as cidades, centro de trocas, ficou na crise de vez (o que
ajudou também no êxodo urbano).
E para o Estado?
Como é que fica? Ficou cada vez mais difícil
de cobrar impostos.
Com menos
dinheiro dos impostos, o Estado não tinha recursos para pagar as despesas. Que
despesas: corte, administração pública, exército.
Para equilibrar
isso, o Estado aumento os impostos e encarregou os grandes proprietários de
terra de cobrá-los. Daí, uma característica muito importante: a máquina
administrativa começou a se descentralizar.
Isso também não
resolveu o problema e as despesas só aumentavam. Tava rolando uma invasão de
bárbaros e era necessário legionários para proteger o Império. E pior! Era
necessário pagá-los. Os legionários sabiam que o Estado dependia muito deles e
aproveitavam para exigir melhores salários!
Se os impostos
não resolviam, o que fizeram? O próprio Estado começou a emitir dinheiro.
Beleza, ótimo, agora tem dinheiro... mas não havia produtos suficientes para
comprar. Quem tinha os produtos aumentava os preços de todos os produtos que
faltavam aos compradores.
Com isso os
preços dos produtos subiam mais do que o aumento dos salários. E tandam!,
tínhamos a inflação. É assim que ela funciona.
Com a inflação,
o dinheiro valia cada vez menos e as pessoas compravam pouco. A produção caia.
Os impostos rendiam menos ao Estado. Então, este emitia mais dinheiro para
pagar os soldados. E a inflação aumentava de novo, num círculo sem fim.
Assim, a máquina do Estado se enfraqueceu.
A crise do Império
Romano – Parte I
No século III de
nossa era, o Império Romano começou a entrar numa crise que desintegrou todo
seu sistema político e econômico que culminou, no século V, no que conhecemos
como Idade Média.
Qual era o
sistema econômico de Roma?
Primeiro, ele se
baseava no trabalho escravo.
Toda produção
vinha das grandes propriedades de terra – os latifúndios. Cada latifúndio
produzia um ou dois tipos de produtos: eram especializados na sua produção.
Essa produção
era vendida nas cidades e no mercado internacional. Tudo pelo Mar Mediterrâneo,
que unia essas relações comerciais.
Esse sistema de
produção dava muitos lucros aos proprietários das terras e aos comerciantes.
E o governo
recolhia grandes somas em impostos em todo o Império e com esses recursos, o
Estado pagava a administração pública e sustentava os legionários (soldados
romanos).
Os salários dos
legionários aumentavam constantemente. Claro, eles tinham uma funções muito
importantes: guerrear, conquistar territórios e abastecer o Império com novos
escravos.
Mas então, entre
o século III e o século V, começou a tal crise e por causa dela a produção nos
latifúndios diminuiu muito. Isso aconteceu porque havia menos escravos para
trabalhar. E essa falta de escravos se explicava por três fatores: 1. Militar,
2. Religioso e 3. Econômico.
1.
Fator Militar: quem trabalhava nos latifúndios
eram os escravos, e um latifúndio, para render e valer a pena, necessita de
MUITOS escravos, baratos e em abundância. Como eles eram conseguidos? Por meio
da guerra ofensiva. Mas as guerras estava diminuindo, porque os imperadores
preferiram consolidar as fronteiras das regiões já conquistadas. Claro, Roma já
era grande demais e tinha que se preocupar mais em se defender do que em
avançar e atacar. Como resultado disso o número de escravos à venda caiu e seu
preço aumentou. O trabalho escravo começou a gerar prejuízo.
2.
Fator religioso: No início do século III, o
cristianismo já tinha um número razoável de adeptos no Império. E daí? Acontece
que a doutrina cristã proíbe a escravidão. Liberdade era considerada um dom
natural e a libertação dos escravos era considerada um ato piedoso, que contribuía
para salvação da alma. Desse jeito, a expansão do cristianismo também fazia
diminuir o número de escravos.
3.
Fator econômico: Nessa mesma época, os
latifúndios começavam a ser divididos em pequenas propriedades. Já faltavam
escravos e os que tinham à venda eram caros. Era muito difícil ter muitos,
porque o dono precisa alimentá-los, vesti-los, vigiá-los (evitar fugas), e pra
isso acabava gastando toda produção do seu latifúndio. Não sobrava nada para
garantir algum lucro, que era necessário para comprar outros escravos, a fim de
manter sempre um grande número deles. Do contrário, a produção caia e com isso
viria o prejuízo.
Esse conjunto de
motivos explica porque os proprietários de terras escolheram o sistema de arrendamento como saída para crise. O
que é?
Nesse novo
sistema, os trabalhadores sustentavam-se com o próprio trabalho, num pedaço de
terra arrendado (“alugado”) pelo proprietário. Também dava casa aos
trabalhadores. Como pagamento eles tinham de trabalhar na terra do proprietário
alguns dias por semana.
Assim, os
escravos que trabalhavam em grandes propriedades foram diminuindo. Alguns
chegavam a comprar seu próprio pedaço de terra e tornavam-se livres, e foi
assim que eles se elevaram a condição de colono
(cultivador; que faz parte de uma colônia) e agora não mais tinham dono,
mas estavam fixos a terra. Ou seja, eles não podiam ser expulsos ou vendidos ou
trocados por um proprietário, mas por terem se tornado agricultores, deveriam
ser agricultores para sempre.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Encontrado o Ouro! – Parte I
Em suas
andanças pelos sertões, os paulistas iriam afinal realizar um velho sonho dos
colonizadores portugueses!
Em 1695, no
rio das Velhas, no Estado de Minas Gerais, ocorreram as primeiras descobertas
significativas de... Ouro!
A partir
daí, os quarenta anos seguintes seriam de riqueza, com ouro em Minas Gerais, na
Bahia, em Goiás e no Mato Grosso.
Essa
exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e na
Colônia.
Em Portugal,
começou a primeira grande corrente imigratória para o Brasil. Durante os
primeiros sessenta anos do século XVIII chegaram de Portugal e das ilhas do
Atlântico cerca de 600 mil pessoas, das gentes mais variadas: pequenos
proprietários, padres, comerciantes, aventureiros, prostitutas e de todo tipo!
Por outro
lado, os metais preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas
financeiros de Portugal.
Que
problemas financeiros?
Primeiro que
ocupar a colônia foi muito custoso e eles não encontravam ouro. Passaram a
cultivar o açúcar para ver se quebrava o galho e... até funcionou durante um
determinado período de tempo.
Mas acontece
que os holandeses tomaram o principal polo de açúcar da colônia portuguesa em
1624, o nordeste, e, quando foram expulsos na metade do século, esses
holandeses já haviam aprendido as técnicas de cultivo da cana de açúcar e
passaram a cultivá-la nas Antilhas.
Daí Portugal
não só perdeu seu antigo monopólio como também não conseguia nem mesmo fazer
frente ao preço e a qualidade do açúcar antilhano.
Ou seja,
essa produção, outrora a mais lucrativa da colônia, já havia deixado de ser.
Além disso,
no ano de 1703, Portugal e a Inglaterra fizeram um acordo para trocar panos e
vinhos. A ideia era simples: Inglaterra supria Portugal com tecido de sua
produção manufaturada e Portugal amassava uva para Inglaterra. Esse acordo é
conhecido como Tratado de Methuen.
Acontece que
os portugueses acumularam grandes dividas geradas pela necessidade crescente de
se consumir os produtos ingleses, porque a demanda portuguesa por tecidos era
bem maior que a riqueza produzida pela venda de vinho à Inglaterra.
Vamos
devagar e entender isso melhor, porque é complexo! Por quê que os portugueses
acumularam grandes dividas e precisavam consumir os produtos ingleses?
Porque a
coroa portuguesa tinha um enorme império mercantil, mas todo lucro obtido nessa
prática era revertido na forma de gastos que somente mantinham o elevado padrão
de vida dos nobres e membros da família real portuguesa. Os recursos não eram
usados para dinamizar a economia interna, criar mercados, novos produtos,
manufaturas e eliminar necessidades de importar produtos. Daí, a balança
comercial em Portugal estava desfavorável.
Mas então
veio o ouro.
Esse desequilíbrio
na balança comercial era compensado pelo ouro vindo do Brasil. Os metais
preciosos realizaram um circuito triangular:
Uma parte
ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza da região das minas;
Outra seguiu
para Portugal, onde foi consumida no longo reinado de Dom João V (1706-1750), em
especial nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco palácio-convento de
Mafra;
Outra parte,
finalmente, foi para em mãos britânicas, acelerando a acumulação de capitais na
Inglaterra.
Mas por que
justamente a Inglaterra se beneficiou sobre Portugal?
Porque
Portugal, ao longo da História, viveu sofrendo ameaça da Espanha. Ao longo de
toda história de Portugal foi assim e por isso ele também vivia contando com a
ajuda da Inglaterra para se proteger. São aliados históricos!
Quando a
União Ibérica terminou, em 1640, Portugal passou a ser governado por D. João
IV, da dinastia de Bragança. Imediatamente Espanha declarou guerra a Portugal,
que foi obrigado a estabelecer inúmeras alianças pela Europa, que agravaram ainda mais a crise que abatia o país.
Por isso
Portugal foi obrigado a fazer concessões comerciais aos ingleses, que iam desde
o a venda de produtos manufaturados com taxas alfandegárias reduzidas até a
permissão para burguesia inglesa fazer comércio direto com o Brasil.
Esse é o Tratado
de Methuen, também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos: Portugal comprava
os produtos da Inglaterra sem cobrar taxas de alfândega muito caras, era
protegido e vendia vinho.
O resultado
não foi bom para Portugal, mas eles se manteram independentes, pelo menos.
Esse boom dos metais fez tudo mudar:
1. Houve o
deslocamento da população que corria atrás de ouro, tanto do litoral quanto da
metrópole para o Brasil.
2. Aumentou o
preço de mão-de-obra escrava, porque se ampliou a procura.
3. Em termos
administrativos, o eixo da vida da Colônia deslocou-se para o centro-sul e
especialmente para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos e
por onde saía o ouro.
Não por
acaso, em 1763 a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o
Rio.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
As Bandeiras
A grande marca
deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII foram as bandeiras.
O que eram?
Expedições.
Reuniam milhares
de índios e lançavam-se pelo sertão, passando meses e às vezes anos em busca de
indígenas a serem escravizados e metais preciosos.
Mas índios
caçavam índios?
Sim. Não é
difícil entender que os índios já cativos participassem dessas expedições,
porque a guerra era uma atividade própria do homem nas sociedades indígenas.
Haviam também os
mamelucos (filho de índio com branco) e os próprios brancos.
Por exemplo, a
grande bandeira de Raposo Tavares, que atacou a região de Guaíra em 1629 era
composta de 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indígenas.
E quais eram as
relações, os interesses da coroa e do bandeirismo?
Houve bandeiras
que contaram com o incentivo direto da administração portuguesa e outras que
não.
De modo geral,
eles buscavam metais preciosos, o apresamento de índios e, não menos importante,
a expansão territorial. Todos esses eram objetivos da metrópole!
Outros
trabalhos, como guerrear também existia. Foram os bandeirantes que liquidaram
com o quilombo dos Palmares em Alagoas (1690-1695).
Palmares foi o
maior e mais duradouro de todos os quilombos brasileiros. Começou em 1597,
quando cerca de 40 escravizados fugiram de um engenho no litoral nordestino e
refugiaram-se na Serra da Barriga, em Alagoas. O lugar era cheio de palmeiras e
daí o nome.
Quando os
holandeses invadiram o nordeste (1624-1654) muitos escravos fugiram e o
quilombo chegou a acumular 15 mil habitantes.
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SOBRE A HOLANDA
Você se lembra
de que houve a União Ibérica, que durou de 1580 até 1640? Quando foi unificada
a coroa portuguesa e espanhola. Felipe II era neto do rei de Portugal, D.
Manuel I, e assumiu o trono.
Daí dois fatores
importantes merecem destaques:
1.
O tratado de Tordesilhas podia ser ignorado.
2.
Espanha estava em guerra contra os países
baixos. Uma guerra que não tinha nada a ver com Portugal. Agora, sob uma única
coroa, os países baixos passaram também a atacar Portugal.
Por que eles estavam
em guerra?
Os países baixos
eram governados também pelo Império Espanhol de Felipe II.
e lutavam por dois
motivos:
1.
Eles queriam ser independentes.
2.
Eles eram de maioria calvinista, enquanto a
Espanha era católica.
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SOBRE A HOLANDA
Tinha de tudo
por lá, africanos, descendentes de africanos, brancos pobres e índios.
Palmares estava
sempre em guerra porque as autoridades portuguesas e os senhores de engenho não
conseguiam ficar em paz sabendo que havia um lugar para seus escravos fugirem.
Nessas várias guerras, se destacou um carinha chamado Zumbi, que começou a
liderar o grupo.
As autoridades
então contrataram o mercenário Domingos Jorge Velho. Ele, com seu exército de
6,5 mil homens, derrubaram com balas de canhão as muralhas do quilombo. Foi um
massacre para os quilombolas esse ano de 1694.
Zumbi escapou,
mas foi morto no ano seguinte por traição. Morreu no dia 20 de novembro de 95.
Por isso esse é o Dia Nacional da Consciência Negra.
Voltando às
bandeiras. Eles desbravavam o território, descobriam-no, buscavam ouros e
índios. Mas o que faziam com esses índios?
Vendiam como
escravos em São Vicente... e também no Rio. Lá a produção de açúcar e trigo se
desenvolvia.
Os dados indicam
que pelo menos 1/3 ou 1/4 da força de trabalho dos engenhos no Rio era de
índios.
Não podemos
ignorar o fato de que entre 1625 e 1650 os holandeses estavam atrapalhando o
comércio de escravos.
Não é por acaso que as bandeiras são marcas desse
período.
Então...
Além dos
holandeses atrapalharem a vinda de escravos africanos para a América
Portuguesa, eles desorganizaram a vida nos engenhos do nordeste, quando
invadiram, e colaboraram com a fuga de mais escravos. Daí Palmares abrigar
tanta gente.
E, o tratado de
Tordesilhas estava sendo ignorado... ou seja, a galera podia ir conhecer o
território central.
Tudo isso
influenciou para o bandeirismo.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Diferentes
maneiras de entender e contar o tempo
Em nossa sociedade, ter a vida “cronometrada”
é coisa corriqueira. Sempre temos compromissos relacionados com o tempo: o
horário da escola, das refeições, do trabalho, de tomar um remédio e por aí
vai. Por isso estamos constantemente de olho no tempo... é quase impossível
imaginar nossa vida de outro jeito.
Mas o que é o tempo?
Um padeiro tá sempre atento para
quantos minutos o pão deverá permanecer no forno. Os pais ficam preocupados com
o tempo que o filho passa na internet. Jogadores de futebol e torcedores ficam
preocupados com o tempo de cada partida. Nós “enxergamos” o tempo de acordo com
nossas necessidades. Esse tempo é marcado cronologicamente.
Por exemplo, em certas épocas e
em certas regiões do mundo, muito tempo atrás, as pessoas não se preocupavam em
saber quantos anos tinham. Nem sabiam! Não sabiam quando faziam aniversário,
nem a hora do dia.
O que é cronologia? São as
determinações de horários e datas que ordenam as coisas, desde coisas
rotineiras de nossa vida, até acontecimentos históricos bem antigos.
Por exemplo, a história é divida
cronologicamente em grandes períodos, que vão de uma data a outra. Um sucede o
outro.
E o que o historiador deve pensar
sobre o tempo?
O historiador estuda a cultura. A
maneira como os seres humanos usam e aprendem sobre o tempo é o que o interessa
para o historiador. Mas não só isso, ele também quer saber o que as pessoas
fizeram em um determinado período de tempo.
O que é um período de tempo? Um
espaço de tempo. Um período indica o espaço de tempo entre duas datas. Podem
ser períodos curtos ou períodos longos.
Daí ele pode aprender como os
homens em mulheres de uma determinada época pensavam, quais eram seus valores,
o que vestiam, comiam, calçavam, como se divertiam, em que trabalhavam, estudar
as formas de arte e o porquê de tudo isso.
Então o tempo histórico está relacionado
ao modo de vida/cultura das pessoas. À história da humanidade.
O interessante do tempo histórico
é que as mudanças que acontecem nele não são do mesmo jeito ou no mesmo ritmo
de outros lugares, porque cada grupo humano tem um tempo e um ritmo próprios.
Vamos pegar como exemplo pessoas
do campo e pessoas da cidade:
Quem vive no campo sabe que é
muito importante o “tempo da natureza”, medido pelo dia e pela noite, pelas
fases da Lua, pelas estações do ano. Afinal, essas divisões do tempo são
essenciais para quem vive da agricultura, da criação de animais, da coleta de
frutos, raízes e plantas em geração, ou caça e pesca. Precisam saber que época
é melhor para semear e colher certos vegetais. Ou se vai pescar, tem que saber
a época de reprodução dos peixes, o ritmo das marés e por aí vai.
E na cidade? Na cidade as
preocupações são outras. Nós temos horário para pegar o ônibus, horário para
evitar o trânsito na rua, horário que é perigoso ficar na rua, etc.
Formas diferentes de se ver e se
organizar no tempo.
Graças a isso nós também podemos
perceber que certas coisas mudaram no modo de vida das pessoas, enquanto outras
permanecem iguais em certo período de tempo.
Calendário
Para identificar todos os
momentos em que um fato histórico ocorre, ou seja, para datar um fato, nós
devemos recorrer ao calendário, que serve para medir a passagem do tempo.
O calendário é um organizador e
medidor do tempo.
Quem inventou o calendário?
Ninguém sabe. O que se sabe é que diversas formas de calendário foram criadas
por diferentes culturas. Por exemplo, o povo da babilônia, a milhares de anos
atrás, organizaram o ano em 12 meses lunares, enquanto os maias, em 19 meses.
O calendário mais antigo de
todos, que conhecemos, é o do Egito Antigo. Tem 6 mil anos e ele tinha como
base a enchente anual do rio Nilo.
Os romanos contavam os anos a
partir da fundação de Roma, correspondente ao ano 753 a.C do calendário
cristão.
Nós usamos o calendário gregoriano.
O papa Gregório VIII pegou o calendário Juliano (elaborado por ordem de Júlio
César) e o reformulou, retirou 11 minutos e 14 segundos de lá. Isso foi o
suficiente para darmos outro nome a ele.
É o calendário que está em vigor
na maioria dos países. Também é conhecido como calendário cristão, e ele conta
o ano com 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.
Além do calendário gregoriano, há
outros três calendários ainda em uso: o chinês, o dos judeus e o dos
muçulmanos.
Empresa Agrícola na América Portuguesa
Comentário: Essa aula tem como intenção apenas situar os estudantes do processo que culminou nas bandeiras e na atividade mineradora.
Era na região nordestina que
estava concentrada as atividades econômicas e a vida social mais significativa
da Colônia: nesse período, o sul foi uma área periférica, menos urbanizada, sem
vinculação direta com a economia exportadora. São Paulo, por exemplo, tinha
menos de 2 mil habitantes em 1600.
Não por acaso, Salvador foi a
capital do Brasil até 1763.
O que fazia a colônia funcionar?
As empresas açucareiras.
O açúcar ainda era uma especiaria
no século XV-XVI. Artigo caro, valioso, usado como remédio ou condimento
exótico.
Mas alguns livros de receitas do
século XVI indicavam que o açúcar estava ganhando lugar no consumo da
aristocracia europeia.
Consequentemente, logo passaria
de um produto de luxo a um bem de consumo de massa.
Isso aconteceu porque nas décadas
de 1530 – as capitanias se estabeleceram em 1534 - e 1540 a produção açucareira
se estabeleceu no Brasil com bases sólidas.
Os portugueses já tinham certa
experiência com a produção açucareira, porque já haviam iniciado há algumas
dezenas de anos a produção em escala relativamente grande nas ilhas do
Atlântico.
Isso foi uma medida política que
fez com que os colonizadores deixassem de ser uma empresa espoliativa e
extrativa para passarem a ser parte integrante da economia europeia. Porque
agora se aplicavam técnicas e capitais para criar uma forma permanente de fluxo
de bens destinados ao mercado europeu.
Mas o que fez com que os
portugueses começassem essa prática agrícola?
Quando foram encontradas terras
americanas, isso foi um episódio secundário para os portugueses durante todo
primeiro quarteto do século XVI.
Mas quando a Espanha encontrou
ouro nas civilizações mexicanas e andinas, aí a coisa tomou tamanha proporção
que contrapôs os “donos” das terras – Espanha e Portugal - contra as demais nações
da Europa.
O ouro, para essas nações, era o
que mais importava. A partir desse momento a ocupação da América deixa de ser
um problema exclusivamente comercial: agora também é um problema político,
porque outros países tentarão estabelecer-se em posições fortes a fim de tomar
o território, ou começar uma nova descoberta.
Essa pressão exercida pelas
outras nações sobre Portugal e Espanha, que defendiam que eles não tinham
direito senão àquelas terras que houvessem ocupado de fato, fez com que se
desse início na ocupação do território.
Se não a ocupassem, a perderiam.
Mas isso poderia ser um baita de
um prejuízo, porque eles precisariam desviar recursos de empresas muito mais
produtivas do Oriente para ocuparem, já que isso demanda investimento:
em regra, as plantações de cana demandam equipamento para processá-la, as construções, os escravos e outros itens, como gado, pastagens, carros de transporte, além da casa-grande.
A esperança de encontrar ouro
pesou na decisão tomada pela ocupação.
O que eles fizeram então?
Passaram a praticar a atividade agrícola. O que também era um risco enorme,
porque a Espanha já havia tentado no México e não havia dado muito certo.
Fora que nenhum produto agrícola
era objeto de comércio em grande escola dentro da Europa. O principal era o
trigo, mas já tinha muita gente produzindo isso por lá. Isso sem contar os
fretes (taxações – protecionismo) para ir vender seus produtos em outros
países, acabaria não sendo muito lucrativo.
Daí a grande sacada: a produção
do açúcar. Essa produção, porém, se por um lado começou muito valiosa, conforme
aumentava a qualidade técnica do trabalho e mais se produzia, mais barato ele
foi se tornando.
Mas sem esse esforço, a América portuguesa
teria sido um ônus muito grande e dificilmente Portugal teria conseguido mantê-la.
Por isso os portugueses desse período são universalmente conhecidos.
Além do açúcar, o fumo também foi uma atividade destinada à exportação, mas estava longe de competir com o açúcar.
E, muito importante, foi no âmbito da produção açucareira que se deu com maior nitidez a gradativa passagem da escravidão indígena para a africana. Nas décadas de 1550 e 1560, praticamente não havia africanos nos engenhos do Nordeste, mas no século XVII eles já eram maioria.
Porém, apesar desses dados, pessoas de uma região continuavam caçando índios para escravizá-los sem parar, atacando as missões (grandes aldeamentos indígenas organizados pelos padres jesuítas) atrás de trabalhadores nas fazendas de trigo.
Isso acontecia em São Paulo, e esses caçadores/desbravadores são conhecidos com bandeirantes.
Porém, apesar desses dados, pessoas de uma região continuavam caçando índios para escravizá-los sem parar, atacando as missões (grandes aldeamentos indígenas organizados pelos padres jesuítas) atrás de trabalhadores nas fazendas de trigo.
Isso acontecia em São Paulo, e esses caçadores/desbravadores são conhecidos com bandeirantes.
domingo, 15 de abril de 2012
Revolução
Russa – Parte II (Grupos, propostas e partidos)
A modernização teve importantes
consequências:
No campo ela enriqueceu uma
minoria, que fornecia alimentos e matérias primas para os centros
industrializados.
Na cidade ela fez crescer a
burguesia industrial e o operariado.
Os filhos dessa burguesia
enriquecida recebiam educação universitária e entravam em contato com a cultura
francesa e alemã, além de buscarem tecnologia na Suíça e na Inglaterra.
Enquanto isso, o operariado
urbano sofria uma dura exploração. Eram colocados sob a tutela dos empresários
e o controle rígido da polícia.
Até 1905 não tiveram direitos de
se organizarem em sindicatos.
As jornadas eram longas e os
salários muito baixos.
A fraca legislação trabalhista
era constantemente violada pelos patrões.
Nas cidades também estava se
formando, influenciado pelas ideias ocidentais, uma camada de intelectuais
novos, portadores de uma cultura não religiosa e relativamente marginalizada em
relação às camadas aristocráticas.
Esse grupo será extramente
importante porque estará presente na Revolução Russa em suas principais
vertentes:
os que privilegiaram os
camponeses, esperando promover a revolução no campo;
E os que viram no operariado
urbano a base social para o movimento revolucionário.
As
contradições da modernização
Tudo isso culminou numa situação
contraditória e muito tensa.
Vejam;
Toda essa modernização e
industrialização capitalista na Rússia foi conduzida pelo próprio Estado russo.
E o que era esse Estado? Czarista, autoritário, que mantinha uma sociedade
baseada nos privilégios de grupos aristocráticos e no controle social dos
cidadãos. Um Estado que conservava a estrutura tradicional de poder nos moldes
do Antigo Regime, ou pior!
E quem são os filhos dessa
modernização patrocinada pelo Estado?
Vamos pegar os três grupos: os
intelectuais – filhos da burguesia - com influência ocidental, os operários e
os camponeses. Grupos sociais que se oporão à situação política russa.
Essa é a contradição: o Estado, representado
na figura do Czar, se modernizava, mas as gerações que surgiram graças a modernização
eram contrários ao czar – cada um, obviamente, conforme seus próprios
interesses de classe.
As teorias revolucionárias
A revolução que ocorreu na Rússia
em 1917 só foi possível porque havia projetos políticos para se implantar uma
sociedade estruturalmente diferente da que existia.
Já que citamos os três grupos,
vamos citar três revoluções em gestações:
1 - Uma delas seria a democrática
burguesa, que, vitoriosa, removeria o poder czarista e estabeleceria um regime
político parlamentar, com eleições periódicas, igualdade de todos perante a
lei, a garantia da propriedade privada e a livre disposição dos bens, a
liberdade de imprensa.
Mesmo esquema político de alguns
países ocidentais.
2 - A outra revolução que estava
no horizonte era a defendida pelos populistas, ou narodniks, que depois viriam a se organizar no Partido Social
Revolucionário.
Para eles a revolução deveria ser
feita a partir do campo.
A tradição russa da comunidade
agrícola camponesa já seria a semente da futura sociedade socialista.
O plano era a implantação do
socialismo a partir do campo, sem passar pela etapa capitalista.
3 - A terceira revolução possível
seria aquela a ser liderada por um partido com base na classe operária. Essa
seria a classe revolucionária.
Essa seria a revolução criada
pelo próprio capitalismo e o agente da sua superação, que levaria a uma forma
de sociedade mais avançada: o socialismo e, mais tarde, o comunismo.
Os
partidos políticos
Para fazer valer essas
revoluções, esses grupos se organizavam em partidos políticos. Haviam muitos
partidos antes da Revolução de 1917, mas eles – excluindo aqueles que defendiam
a ordem czarista – podiam ser agrupados, com algumas variações nos meios e nos
caminhos escolhidos, em uma dessas três propostas revolucionárias.
Já que citamos três grupos e três
propostas, vamos citar três partidos políticos por conta da clareza de suas
propostas.
É importante saberem que havia
muito mais do que isso, tanto grupos, quanto propostas, quanto partidos, mas
não dá para falar de todos e estamos fazendo uma abordagem geral.
Partidos:
1.
Partido
Democrata Constitucional, conhecido também como Partido Kadet; expressava as ideias
liberais ocidentais, representando a burguesia industrial e financeira russa
que ascendeu com o desenvolvimento industrial;
2.
Partido
Social Revolucionário; pretendia representar os camponeses;
3.
Partido
Marxista Russo dos Trabalhadores Socialdemocratas; resultado do crescimento do
operariado urbano,
Esses partidos representavam
respectivamente as três revoluções possíveis.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Revolução Russa - Parte I (Império Russo)
A revolução que abalou o mundo
A Revolução Russa, pelas
mudanças que provocou em todo o mundo, pode ser considerada como um dos
acontecimentos políticos mais importantes do século XX. Pela primeira vez um
partido político marxista tinha conseguido tomar e manter o poder, criando um
novo regime político e uma nova sociedade.
A partir da Revolução
Russa (1917) toda a política mundial mudou. A “revolução vermelha” será
considerada, nos países capitalistas do mundo, uma grande ameaça. Partidos
comunistas surgiram em vários países, geralmente de uma cisão dos partidos
socialistas existentes. Despertou-se um grande interesse pelas obras dos
revolucionários russos, principalmente as de Lênin e de Trotsky.
Em 1917, teve início, no
antigo Império Russo, a construção de um novo Estado, removendo, rápida e
violentamente, tudo que representava o Estado e a sociedade anterior.
O Império Russo na
segunda metade do XIX
Com um imenso território,
enormes recursos naturais e uma população de cento e setenta e cinco milhões de
pessoas [1] de
várias nacionalidades, o Império Russo era uma potência com raízes culturais
asiáticas e europeias.
Em
1914 era o terceiro país do mundo em população, perdendo para China e a Índia,
mas o primeiro em extensão territorial, com vinte e dois milhões de quilômetros
quadrados. [2]
Uma
característica desse império gigantesco era a imensa pobreza da sua população.
A maioria da população era constituída por camponeses que eram duramente explorados
pela nobreza latifundiária e pelo próprio Estado, uma vez que cerca de 18 dos
40 milhões de camponeses da Rússia ocidental (europeia) estavam sob a sua
administração direta.
Em termos políticos, era uma monarquia oriental,
autocrática, com o czar (imperador) concentrando os poderes. Desde o século
XVII a própria nobreza latifundiária estava incorporada ao Estado, possuindo
pouca autonomia em relação ao poder central. Tratava-se, portanto, de uma
administração centralizada e burocrática que combinava o despotismo oriental
com a racionalidade ocidental.
Havia ainda a união do
Estado com a Igreja, incorporando numeroso clero da Igreja Grega Ortodoxa à
estrutura administrativa do Estado. O ensino, nos seus diversos níveis, também
estava sob o controle estatal.
Como bom autocrata, o
czar russo considerava toda terra russa como sua propriedade. Então todos
aqueles que viviam em suas terras deveriam prestar serviços ao Estado como
súditos do czar.
No censo de 1897 o czar
Nicolau II[3] respondeu
à pergunta sobre a sua profissão: Dono da
terra russa.
Não é por acaso, além de
ser bem significativo o fato de ele ser considerado pela população como um pai.
Estrutura Social
O
Estado dividia a população em nobreza, clero, burgueses e camponeses. Havia a nobreza de sangue,
hereditária, e aquela que ascendia por méritos, geralmente por serviços
prestados ao Estado.
Os burgueses também estavam divididos
em categorias hierárquicas.
O clero era mais um grupo
profissional do que estamental, pois os que deixavam a função eram considerados
burgueses, o mesmo acontecendo com os seus filhos.
Os camponeses não estavam legalmente
divididos em categorias, embora houvesse diferenças significativas entre os que
serviam o Estado e os que estavam sob a dependência de particulares.
Todavia, independente dessas
diferenciações legais, a sociedade russa estava concretamente dividida entre os
que tinham e os que não tinham privilégios.
Que tipo de privilégios?
Não estavam sujeitos ao pagamento de
impostos diretos nem a castigos físicos. Podiam ainda se locomover livremente
pelo território do país. Mas somente os nobres e as categorias mais elevadas da
burguesia, os denominados cidadãos notáveis, gozavam desses privilégios.
Somados eles compunham apenas 1% da população.
Já as demais camadas da sociedade,
principalmente os camponeses, sustentavam esses privilegiados e os gastos do
Estado com o seu trabalho, pagando pesados tributos. Para que isso funcionasse
a população era rigidamente controlada pelo Estado.
Os camponeses estiveram
submetidos à servidão até quase o final do século XIX. Formalmente, a servidão
foi abolida em 1861, para os servos de particulares, e, em 1863, para os servos
do czar e os da sua família. Mas na verdade a servidão continuou a existir sob
outras formas. E de modo geral, os servos continuavam trabalhando como antes.
A servidão estava de tal
maneira enraizada na sociedade russa, que o próprio sistema de arrecadação
fiscal estava fundamentado nela.
Isso tudo tornava dificultava o fim à
servidão, já que a Rússia era um país em que havia muita terra e no qual a base
da economia era a agricultura.
Daí a principal fonte de
arrecadação do Estado ser a exploração direta do camponês por meio das pesadas
tributações e dos diferentes impostos e por isso interessava ao Estado fixar o
camponês à terra e, assim, garantir uma arrecadação estável dos tributos.
Um projeto do Estado
Mas é claro que o regime
czarista, apesar do seu conservadorismo, não se manteria insensível ao que se
passava na Europa ocidental, com todo desenvolvimento capitalista,
modernização, partidos políticos, urbanização, escolas, direitos, cidadãos,
classes trabalhadoras, etc. Nada passou despercebido.
Principalmente na segunda
metade do século XIX os czares passaram a fazer reformas modernizantes. A ideia
era dotar a Rússia de uma estrutura industrial poderosa, mas sem comprometer o
exército russo utilizando seus combatentes nas fábricas. Por isso a abolição da
servidão em 1861. Fez parte desse processo de modernização e o plano era
transformar os servos agricultores e mão de obra industrial.
Também foram construídas milhares
de quilômetros de ferrovias que agilizavam a mobilidade de recursos entre as
áreas do gigantesco território russo.
Passou a ser produzido o
ferro, o aço, a indústria mecânica e têxtil. Construção naval e o incremento da
navegação à vapor.
Isso tudo liquidou o
artesanato tradicional e fez surgir grandes indústrias. Algumas com mais de dez
mil operários.
Essa modernização industrial
teve efeitos culturais, sociais e políticos importantes, é o que vamos ver na
próxima aula.
[1] O Brasil em 1865 tinha 9.114.000
milhões de pessoas, segundo consta o censo histórico do IBGE consultado em
Abril de 2012. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censohistorico/1550_1870.shtm
[2] Hoje em dia, segundo o Wikipedia
consultado em Abril de 2012, o Brasil tem 8 514 876,599 km² de extensão territorial.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_do_Brasil
[3] Governou de 1894 até sua abdicação em
1917, quando renunciou. Ele e aqueles próximos a ele (mulher, filho, quatro
filhas, servo, médico da família, cozinheiro e camareira) foram executados no
porão de uma casa (Casa Ipatiev) pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17
de Julho de 1918.
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