terça-feira, 17 de abril de 2012


Empresa Agrícola na América Portuguesa
Comentário: Essa aula tem como intenção apenas situar os estudantes do processo que culminou nas bandeiras e na atividade mineradora.

Era na região nordestina que estava concentrada as atividades econômicas e a vida social mais significativa da Colônia: nesse período, o sul foi uma área periférica, menos urbanizada, sem vinculação direta com a economia exportadora. São Paulo, por exemplo, tinha menos de 2 mil habitantes em 1600.


Não por acaso, Salvador foi a capital do Brasil até 1763.


O que fazia a colônia funcionar? As empresas açucareiras.


O açúcar ainda era uma especiaria no século XV-XVI. Artigo caro, valioso, usado como remédio ou condimento exótico.


Mas alguns livros de receitas do século XVI indicavam que o açúcar estava ganhando lugar no consumo da aristocracia europeia.


Consequentemente, logo passaria de um produto de luxo a um bem de consumo de massa.


Isso aconteceu porque nas décadas de 1530 – as capitanias se estabeleceram em 1534 - e 1540 a produção açucareira se estabeleceu no Brasil com bases sólidas.


Os portugueses já tinham certa experiência com a produção açucareira, porque já haviam iniciado há algumas dezenas de anos a produção em escala relativamente grande nas ilhas do Atlântico.


Isso foi uma medida política que fez com que os colonizadores deixassem de ser uma empresa espoliativa e extrativa para passarem a ser parte integrante da economia europeia. Porque agora se aplicavam técnicas e capitais para criar uma forma permanente de fluxo de bens destinados ao mercado europeu.


Mas o que fez com que os portugueses começassem essa prática agrícola?


Quando foram encontradas terras americanas, isso foi um episódio secundário para os portugueses durante todo primeiro quarteto do século XVI.


Mas quando a Espanha encontrou ouro nas civilizações mexicanas e andinas, aí a coisa tomou tamanha proporção que contrapôs os “donos” das terras – Espanha e Portugal - contra as demais nações da Europa.


O ouro, para essas nações, era o que mais importava. A partir desse momento a ocupação da América deixa de ser um problema exclusivamente comercial: agora também é um problema político, porque outros países tentarão estabelecer-se em posições fortes a fim de tomar o território, ou começar uma nova descoberta.


Essa pressão exercida pelas outras nações sobre Portugal e Espanha, que defendiam que eles não tinham direito senão àquelas terras que houvessem ocupado de fato, fez com que se desse início na ocupação do território.


Se não a ocupassem, a perderiam.


Mas isso poderia ser um baita de um prejuízo, porque eles precisariam desviar recursos de empresas muito mais produtivas do Oriente para ocuparem, já que isso demanda investimento: 

em regra, as plantações de cana demandam equipamento para processá-la, as construções, os escravos e outros itens, como gado, pastagens, carros de transporte, além da casa-grande.

A esperança de encontrar ouro pesou na decisão tomada pela ocupação.


O que eles fizeram então? Passaram a praticar a atividade agrícola. O que também era um risco enorme, porque a Espanha já havia tentado no México e não havia dado muito certo.


Fora que nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escola dentro da Europa. O principal era o trigo, mas já tinha muita gente produzindo isso por lá. Isso sem contar os fretes (taxações – protecionismo) para ir vender seus produtos em outros países, acabaria não sendo muito lucrativo. 


Daí a grande sacada: a produção do açúcar. Essa produção, porém, se por um lado começou muito valiosa, conforme aumentava a qualidade técnica do trabalho e mais se produzia, mais barato ele foi se tornando.


Mas sem esse esforço, a América portuguesa teria sido um ônus muito grande e dificilmente Portugal teria conseguido mantê-la. Por isso os portugueses desse período são universalmente conhecidos.


Além do açúcar, o fumo também foi uma atividade destinada à exportação, mas estava longe de competir com o açúcar. 


E, muito importante, foi no âmbito da produção açucareira que se deu com maior nitidez a gradativa passagem da escravidão indígena para a africana. Nas décadas de 1550 e 1560, praticamente não havia africanos nos engenhos do Nordeste, mas no século XVII eles já eram maioria.


Porém, apesar desses dados, pessoas de uma região continuavam caçando índios para escravizá-los sem parar, atacando as missões (grandes aldeamentos indígenas organizados pelos padres jesuítas) atrás de trabalhadores nas fazendas de trigo.


Isso acontecia em São Paulo, e esses caçadores/desbravadores são conhecidos com bandeirantes.

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