Em suas
andanças pelos sertões, os paulistas iriam afinal realizar um velho sonho dos
colonizadores portugueses!
Em 1695, no
rio das Velhas, no Estado de Minas Gerais, ocorreram as primeiras descobertas
significativas de... Ouro!
A partir
daí, os quarenta anos seguintes seriam de riqueza, com ouro em Minas Gerais, na
Bahia, em Goiás e no Mato Grosso.
Essa
exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e na
Colônia.
Em Portugal,
começou a primeira grande corrente imigratória para o Brasil. Durante os
primeiros sessenta anos do século XVIII chegaram de Portugal e das ilhas do
Atlântico cerca de 600 mil pessoas, das gentes mais variadas: pequenos
proprietários, padres, comerciantes, aventureiros, prostitutas e de todo tipo!
Por outro
lado, os metais preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas
financeiros de Portugal.
Que
problemas financeiros?
Primeiro que
ocupar a colônia foi muito custoso e eles não encontravam ouro. Passaram a
cultivar o açúcar para ver se quebrava o galho e... até funcionou durante um
determinado período de tempo.
Mas acontece
que os holandeses tomaram o principal polo de açúcar da colônia portuguesa em
1624, o nordeste, e, quando foram expulsos na metade do século, esses
holandeses já haviam aprendido as técnicas de cultivo da cana de açúcar e
passaram a cultivá-la nas Antilhas.
Daí Portugal
não só perdeu seu antigo monopólio como também não conseguia nem mesmo fazer
frente ao preço e a qualidade do açúcar antilhano.
Ou seja,
essa produção, outrora a mais lucrativa da colônia, já havia deixado de ser.
Além disso,
no ano de 1703, Portugal e a Inglaterra fizeram um acordo para trocar panos e
vinhos. A ideia era simples: Inglaterra supria Portugal com tecido de sua
produção manufaturada e Portugal amassava uva para Inglaterra. Esse acordo é
conhecido como Tratado de Methuen.
Acontece que
os portugueses acumularam grandes dividas geradas pela necessidade crescente de
se consumir os produtos ingleses, porque a demanda portuguesa por tecidos era
bem maior que a riqueza produzida pela venda de vinho à Inglaterra.
Vamos
devagar e entender isso melhor, porque é complexo! Por quê que os portugueses
acumularam grandes dividas e precisavam consumir os produtos ingleses?
Porque a
coroa portuguesa tinha um enorme império mercantil, mas todo lucro obtido nessa
prática era revertido na forma de gastos que somente mantinham o elevado padrão
de vida dos nobres e membros da família real portuguesa. Os recursos não eram
usados para dinamizar a economia interna, criar mercados, novos produtos,
manufaturas e eliminar necessidades de importar produtos. Daí, a balança
comercial em Portugal estava desfavorável.
Mas então
veio o ouro.
Esse desequilíbrio
na balança comercial era compensado pelo ouro vindo do Brasil. Os metais
preciosos realizaram um circuito triangular:
Uma parte
ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza da região das minas;
Outra seguiu
para Portugal, onde foi consumida no longo reinado de Dom João V (1706-1750), em
especial nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco palácio-convento de
Mafra;
Outra parte,
finalmente, foi para em mãos britânicas, acelerando a acumulação de capitais na
Inglaterra.
Mas por que
justamente a Inglaterra se beneficiou sobre Portugal?
Porque
Portugal, ao longo da História, viveu sofrendo ameaça da Espanha. Ao longo de
toda história de Portugal foi assim e por isso ele também vivia contando com a
ajuda da Inglaterra para se proteger. São aliados históricos!
Quando a
União Ibérica terminou, em 1640, Portugal passou a ser governado por D. João
IV, da dinastia de Bragança. Imediatamente Espanha declarou guerra a Portugal,
que foi obrigado a estabelecer inúmeras alianças pela Europa, que agravaram ainda mais a crise que abatia o país.
Por isso
Portugal foi obrigado a fazer concessões comerciais aos ingleses, que iam desde
o a venda de produtos manufaturados com taxas alfandegárias reduzidas até a
permissão para burguesia inglesa fazer comércio direto com o Brasil.
Esse é o Tratado
de Methuen, também conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos: Portugal comprava
os produtos da Inglaterra sem cobrar taxas de alfândega muito caras, era
protegido e vendia vinho.
O resultado
não foi bom para Portugal, mas eles se manteram independentes, pelo menos.
Esse boom dos metais fez tudo mudar:
1. Houve o
deslocamento da população que corria atrás de ouro, tanto do litoral quanto da
metrópole para o Brasil.
2. Aumentou o
preço de mão-de-obra escrava, porque se ampliou a procura.
3. Em termos
administrativos, o eixo da vida da Colônia deslocou-se para o centro-sul e
especialmente para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos e
por onde saía o ouro.
Não por
acaso, em 1763 a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o
Rio.
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