“Assumi o fardo
do homem branco,
Enviai os
melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos
filhos ao exílio,
Para que sejam
os servidores de seus
[cativos.”
Rudyard Kipling (1865-1936) –
Prêmio Nobel de
literatura de 1907
Eles
justificavam suas ações da seguinte maneira:
Quando em The origin of species,
de 1859, Darwin propôs que a seleção natural fosse o processo de sobrevivência
a governar a maioria dos seres vivos, importantes pensadores passaram a
destilar suas idéias num conceito novo – o darwinismo social.
Surgido na Inglaterra e chamado
assim por ser, segundo seu criador, o lado prático da teoria de Darwin. Francis
Galton, primo de Charles Darwin, criou e deu o nome a essa ciência, em 1883, de
eugenia, “bem-nascidos”.
Sua preocupação ao criar essa
ciência estava no medo do retrocesso possível do caminho evolutivo. Devemos
considerar que neste período a Inglaterra via a grande massa urbana que se
espalhava pelas ruas, becos, bairros “perigosos” e workhouses, sendo uma ameaça
àqueles que levaram a civilização ao seu progresso.
Essas pessoas que alavancavam a
civilização eram pessoas com talentos intelectuais que traziam benesses e
progressos; sendo assim, se tais talentos fossem repartidos com a massa (por
meio de miscigenação), este talento não passaria da mediocridade. Portanto, o
medo do retrocesso devia-se ao fato de Galton enxergar nas ruas que os
medíocres e os piores cidadãos cresciam vertiginosamente, enquanto os melhores
não se renovavam.
Com isso, ele concluiu que a
seleção natural de Darwin não caminhava num sentido progressista continuamente,
pois nas metrópoles ela começou a ter um caráter negativo. Para resolver esse
problema, a solução era a eugenia. A idéia em si era bastante simples:
“Se homens talentosos se casassem
com mulheres talentosas (...) geração após geração, poderíamos produzir uma
raça de alto nível”, eliminando o risco de reversão. É desta maneira que,
segundo Galton, “a eugenia colabora com o trabalho da natureza, assegurando que
a humanidade seja representada pelas raças mais bem adaptadas”, de modo que “o
que a natureza faz às cegas, lenta e impiedosamente, o homem pode fazer de modo
oportuno, rápido e gentil.”, dedicando então sua carreira científica à melhoria
da humanidade por meio de casamentos seletivos.
Para muitos, parecia lógico que a
qualidade da população pudesse ser aprimorada por proibição de uniões
indesejáveis e promoção da união de parceiros bem-nascidos. Foi necessário
apenas que homens como Galton popularizassem a eugenia e justificassem suas
conclusões com argumentos científicos aparentemente sólidos. Ele foi bem
sucedido nessa operação, sendo amplamente aceito na Inglaterra e até mesmo nos
Estados Unidos.
O contexto nos EUA é caracterizado
por uma enorme xenofobia. O país sofria, no final do XIX, um aumento no número
de imigrantes que levou o grupo dominante no país, os protestantes cujos
ancestrais eram oriundos do norte da Europa, a buscar motivos para exclusão -
encontraram terreno fértil na eugenia. No Brasil, a política de “branqueamento”
da população seria uma vertente dessas teorias raciais, importadas pelos
pensadores brasileiros.
A mentalidade europeia desse
período, portanto, dizia que somente quem fazia parte da “raça branca” era
capaz de criar uma civilização. Com base nesses argumentos, eles diziam que os
europeus tinham uma “missão civilizadora” para com os povos considerados
“primitivos” da África e da Ásia.
Consideravam
seu dever levar até esses povos a civilização, o progresso e os “bons
costumes”, portanto, também havia um...
a) Apoio
governamental na dominação sobre outros povos: os governos das grandes
potências apoiavam a conquista de terras e povos em outros continentes e depois
usavam essas ações imperialistas para autopromover e despertar o “orgulho nacional”
entre os cidadãos do país.
Um
político francês que viveu entre 1832 e 1893, declarou o seguinte:
“As
raças superiores tem um direito perante as raças inferiores. Há para elas um
direito porque há um dever para elas. As raças superiores tem o dever de
civilizar as inferiores”.
(Na opinião desse europeu, há raças
superiores e raças inferiores, e as superiores têm o dever de civilizar as
inferiores. O dever de levar o progresso e os “bons costumes” – valores e
visões de mundo dos europeus – a outros povos.) => Postura etnocêntrica.
A desumanização é um pré-requisito necessário para os maus tratos.
As pessoas tornavam-se passíveis de serem tratadas como bestas, e assim se
legitimava os maus tratos àqueles que supostamente viviam uma condição animal.
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