domingo, 8 de abril de 2012

Legitimações Imperialistas (XIX)

“Assumi o fardo do homem branco,
Enviai os melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos filhos ao exílio,
Para que sejam os servidores de seus
[cativos.”
Rudyard Kipling (1865-1936) –
Prêmio Nobel de literatura de 1907

Eles justificavam suas ações da seguinte maneira:
Quando em The origin of species, de 1859, Darwin propôs que a seleção natural fosse o processo de sobrevivência a governar a maioria dos seres vivos, importantes pensadores passaram a destilar suas idéias num conceito novo – o darwinismo social.

                            http://www.youtube.com/watch?v=bBDkCop4uzo

Surgido na Inglaterra e chamado assim por ser, segundo seu criador, o lado prático da teoria de Darwin. Francis Galton, primo de Charles Darwin, criou e deu o nome a essa ciência, em 1883, de eugenia, “bem-nascidos”.

Sua preocupação ao criar essa ciência estava no medo do retrocesso possível do caminho evolutivo. Devemos considerar que neste período a Inglaterra via a grande massa urbana que se espalhava pelas ruas, becos, bairros “perigosos” e workhouses, sendo uma ameaça àqueles que levaram a civilização ao seu progresso.

Essas pessoas que alavancavam a civilização eram pessoas com talentos intelectuais que traziam benesses e progressos; sendo assim, se tais talentos fossem repartidos com a massa (por meio de miscigenação), este talento não passaria da mediocridade. Portanto, o medo do retrocesso devia-se ao fato de Galton enxergar nas ruas que os medíocres e os piores cidadãos cresciam vertiginosamente, enquanto os melhores não se renovavam.

Com isso, ele concluiu que a seleção natural de Darwin não caminhava num sentido progressista continuamente, pois nas metrópoles ela começou a ter um caráter negativo. Para resolver esse problema, a solução era a eugenia. A idéia em si era bastante simples:

“Se homens talentosos se casassem com mulheres talentosas (...) geração após geração, poderíamos produzir uma raça de alto nível”, eliminando o risco de reversão. É desta maneira que, segundo Galton, “a eugenia colabora com o trabalho da natureza, assegurando que a humanidade seja representada pelas raças mais bem adaptadas”, de modo que “o que a natureza faz às cegas, lenta e impiedosamente, o homem pode fazer de modo oportuno, rápido e gentil.”, dedicando então sua carreira científica à melhoria da humanidade por meio de casamentos seletivos.

Para muitos, parecia lógico que a qualidade da população pudesse ser aprimorada por proibição de uniões indesejáveis e promoção da união de parceiros bem-nascidos. Foi necessário apenas que homens como Galton popularizassem a eugenia e justificassem suas conclusões com argumentos científicos aparentemente sólidos. Ele foi bem sucedido nessa operação, sendo amplamente aceito na Inglaterra e até mesmo nos Estados Unidos.

O contexto nos EUA é caracterizado por uma enorme xenofobia. O país sofria, no final do XIX, um aumento no número de imigrantes que levou o grupo dominante no país, os protestantes cujos ancestrais eram oriundos do norte da Europa, a buscar motivos para exclusão - encontraram terreno fértil na eugenia. No Brasil, a política de “branqueamento” da população seria uma vertente dessas teorias raciais, importadas pelos pensadores brasileiros.

            A mentalidade europeia desse período, portanto, dizia que somente quem fazia parte da “raça branca” era capaz de criar uma civilização. Com base nesses argumentos, eles diziam que os europeus tinham uma “missão civilizadora” para com os povos considerados “primitivos” da África e da Ásia.
Consideravam seu dever levar até esses povos a civilização, o progresso e os “bons costumes”, portanto, também havia um...

a)      Apoio governamental na dominação sobre outros povos: os governos das grandes potências apoiavam a conquista de terras e povos em outros continentes e depois usavam essas ações imperialistas para autopromover e despertar o “orgulho nacional” entre os cidadãos do país.

Um político francês que viveu entre 1832 e 1893, declarou o seguinte:
“As raças superiores tem um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores tem o dever de civilizar as inferiores”.

(Na opinião desse europeu, há raças superiores e raças inferiores, e as superiores têm o dever de civilizar as inferiores. O dever de levar o progresso e os “bons costumes” – valores e visões de mundo dos europeus – a outros povos.) => Postura etnocêntrica.

A desumanização é um pré-requisito necessário para os maus tratos. As pessoas tornavam-se passíveis de serem tratadas como bestas, e assim se legitimava os maus tratos àqueles que supostamente viviam uma condição animal.


Nenhum comentário:

Postar um comentário