terça-feira, 24 de abril de 2012


A crise do Império Romano – Parte I


No século III de nossa era, o Império Romano começou a entrar numa crise que desintegrou todo seu sistema político e econômico que culminou, no século V, no que conhecemos como Idade Média.




Qual era o sistema econômico de Roma?

Primeiro, ele se baseava no trabalho escravo.


Toda produção vinha das grandes propriedades de terra – os latifúndios. Cada latifúndio produzia um ou dois tipos de produtos: eram especializados na sua produção.


Essa produção era vendida nas cidades e no mercado internacional. Tudo pelo Mar Mediterrâneo, que unia essas relações comerciais.


Esse sistema de produção dava muitos lucros aos proprietários das terras e aos comerciantes.
E o governo recolhia grandes somas em impostos em todo o Império e com esses recursos, o Estado pagava a administração pública e sustentava os legionários (soldados romanos).


Os salários dos legionários aumentavam constantemente. Claro, eles tinham uma funções muito importantes: guerrear, conquistar territórios e abastecer o Império com novos escravos.




Mas então, entre o século III e o século V, começou a tal crise e por causa dela a produção nos latifúndios diminuiu muito. Isso aconteceu porque havia menos escravos para trabalhar. E essa falta de escravos se explicava por três fatores: 1. Militar, 2. Religioso e 3. Econômico.


1.       Fator Militar: quem trabalhava nos latifúndios eram os escravos, e um latifúndio, para render e valer a pena, necessita de MUITOS escravos, baratos e em abundância. Como eles eram conseguidos? Por meio da guerra ofensiva. Mas as guerras estava diminuindo, porque os imperadores preferiram consolidar as fronteiras das regiões já conquistadas. Claro, Roma já era grande demais e tinha que se preocupar mais em se defender do que em avançar e atacar. Como resultado disso o número de escravos à venda caiu e seu preço aumentou. O trabalho escravo começou a gerar prejuízo.


2.       Fator religioso: No início do século III, o cristianismo já tinha um número razoável de adeptos no Império. E daí? Acontece que a doutrina cristã proíbe a escravidão. Liberdade era considerada um dom natural e a libertação dos escravos era considerada um ato piedoso, que contribuía para salvação da alma. Desse jeito, a expansão do cristianismo também fazia diminuir o número de escravos.



3.       Fator econômico: Nessa mesma época, os latifúndios começavam a ser divididos em pequenas propriedades. Já faltavam escravos e os que tinham à venda eram caros. Era muito difícil ter muitos, porque o dono precisa alimentá-los, vesti-los, vigiá-los (evitar fugas), e pra isso acabava gastando toda produção do seu latifúndio. Não sobrava nada para garantir algum lucro, que era necessário para comprar outros escravos, a fim de manter sempre um grande número deles. Do contrário, a produção caia e com isso viria o prejuízo.


Esse conjunto de motivos explica porque os proprietários de terras escolheram o sistema de arrendamento como saída para crise. O que é?


Nesse novo sistema, os trabalhadores sustentavam-se com o próprio trabalho, num pedaço de terra arrendado (“alugado”) pelo proprietário. Também dava casa aos trabalhadores. Como pagamento eles tinham de trabalhar na terra do proprietário alguns dias por semana.


Assim, os escravos que trabalhavam em grandes propriedades foram diminuindo. Alguns chegavam a comprar seu próprio pedaço de terra e tornavam-se livres, e foi assim que eles se elevaram a condição de colono (cultivador; que faz parte de uma colônia) e agora não mais tinham dono, mas estavam fixos a terra. Ou seja, eles não podiam ser expulsos ou vendidos ou trocados por um proprietário, mas por terem se tornado agricultores, deveriam ser agricultores para sempre.


Daí, damos o nome desse sistema de arrendamento de Colonato.


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