A crise do Império
Romano – Parte I
No século III de
nossa era, o Império Romano começou a entrar numa crise que desintegrou todo
seu sistema político e econômico que culminou, no século V, no que conhecemos
como Idade Média.
Qual era o
sistema econômico de Roma?
Primeiro, ele se
baseava no trabalho escravo.
Toda produção
vinha das grandes propriedades de terra – os latifúndios. Cada latifúndio
produzia um ou dois tipos de produtos: eram especializados na sua produção.
Essa produção
era vendida nas cidades e no mercado internacional. Tudo pelo Mar Mediterrâneo,
que unia essas relações comerciais.
Esse sistema de
produção dava muitos lucros aos proprietários das terras e aos comerciantes.
E o governo
recolhia grandes somas em impostos em todo o Império e com esses recursos, o
Estado pagava a administração pública e sustentava os legionários (soldados
romanos).
Os salários dos
legionários aumentavam constantemente. Claro, eles tinham uma funções muito
importantes: guerrear, conquistar territórios e abastecer o Império com novos
escravos.
Mas então, entre
o século III e o século V, começou a tal crise e por causa dela a produção nos
latifúndios diminuiu muito. Isso aconteceu porque havia menos escravos para
trabalhar. E essa falta de escravos se explicava por três fatores: 1. Militar,
2. Religioso e 3. Econômico.
1.
Fator Militar: quem trabalhava nos latifúndios
eram os escravos, e um latifúndio, para render e valer a pena, necessita de
MUITOS escravos, baratos e em abundância. Como eles eram conseguidos? Por meio
da guerra ofensiva. Mas as guerras estava diminuindo, porque os imperadores
preferiram consolidar as fronteiras das regiões já conquistadas. Claro, Roma já
era grande demais e tinha que se preocupar mais em se defender do que em
avançar e atacar. Como resultado disso o número de escravos à venda caiu e seu
preço aumentou. O trabalho escravo começou a gerar prejuízo.
2.
Fator religioso: No início do século III, o
cristianismo já tinha um número razoável de adeptos no Império. E daí? Acontece
que a doutrina cristã proíbe a escravidão. Liberdade era considerada um dom
natural e a libertação dos escravos era considerada um ato piedoso, que contribuía
para salvação da alma. Desse jeito, a expansão do cristianismo também fazia
diminuir o número de escravos.
3.
Fator econômico: Nessa mesma época, os
latifúndios começavam a ser divididos em pequenas propriedades. Já faltavam
escravos e os que tinham à venda eram caros. Era muito difícil ter muitos,
porque o dono precisa alimentá-los, vesti-los, vigiá-los (evitar fugas), e pra
isso acabava gastando toda produção do seu latifúndio. Não sobrava nada para
garantir algum lucro, que era necessário para comprar outros escravos, a fim de
manter sempre um grande número deles. Do contrário, a produção caia e com isso
viria o prejuízo.
Esse conjunto de
motivos explica porque os proprietários de terras escolheram o sistema de arrendamento como saída para crise. O
que é?
Nesse novo
sistema, os trabalhadores sustentavam-se com o próprio trabalho, num pedaço de
terra arrendado (“alugado”) pelo proprietário. Também dava casa aos
trabalhadores. Como pagamento eles tinham de trabalhar na terra do proprietário
alguns dias por semana.
Assim, os
escravos que trabalhavam em grandes propriedades foram diminuindo. Alguns
chegavam a comprar seu próprio pedaço de terra e tornavam-se livres, e foi
assim que eles se elevaram a condição de colono
(cultivador; que faz parte de uma colônia) e agora não mais tinham dono,
mas estavam fixos a terra. Ou seja, eles não podiam ser expulsos ou vendidos ou
trocados por um proprietário, mas por terem se tornado agricultores, deveriam
ser agricultores para sempre.
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