Unificação Italiana
Apesar de Itália ser o
nome pelo qual era conhecido o território italiano, até a primeira metade do
século XIX o país não existia. Era separada em espaços independentes entre si,
com diferenças nos dialetos e muita rivalidade entre os nascidos nas diferentes
regiões. Ainda assim, grande parte dos habitantes dessa península acreditavam
fazer parte de um único povo, o italiano.
Os habitantes da Itália
estavam distribuídos em vários Estado (ANEXO I):
1. Os reinos Lombardo-Veneziano
pertenciam ao imperador da Áustria.
2. Os ducados de Módena e Toscana eram
governados por príncipes Habsburgos.
3. O Reino das Duas Sicílias, com capital
em Nápoles era governado por um ramo da família Bourbon.
4. O ducado de Parma também era governado
por membro da família Bourbon.
5. Os estados Pontifícios (incluindo
Roma) estavam subordinados ao Papa.
6. O Reino do Piemonte-Sardenha era
governado pelo rei Vítor Emanuel II, da dinastia de Savoia.
A Itália nesse período
começava a alimentar um sentimento nacionalista, assim como a Alemanha.
No começo do século XIX,
em 1814, aconteceu o Congresso de Viena, que redividiu o território europeu
(ANEXO II). Quem participou e o que esse congresso pretendia?
Os principais países
participantes foram a Áustria, Inglaterra, Rússia, Prússia e França. A ideia
era restaurar o antigo regime europeu, ou seja, retornar à situação política
europeia antes da Revolução Francesa no que se refere ao governo – devolução do
governo de cada país aos herdeiros das antigas monarquias absolutistas – e
territoriais. Essa foi uma aliança entre as monarquias tradicionais que
pretendiam reprimir a onda liberal que surgiu na Europa e foi ampliada pelas
conquistas napoleônicas.
Como consequência, a Áustria pegou uma parte do
território italiano, o que gerou um desconforto muito grande para população
daquele território.
Em 1820, 1830 e principalmente em 1848 a Itália entrou em
confronto para recuperar seu território, sob a liderança de Giuseppe Mazzini,
que dizia: “Nem papa nem rei. Somente Deus e o povo nos abrirão caminho para o
futuro!”.
Ele acreditava numa revolução popular para derrubar os governantes
estrangeiros e criar um Estado Unificado.
Essa vontade de Mazzini
não se realizou, mas permaneceu nas gerações posteriores.
A unificação italiana
tinha dois fortes opositores: a Igreja, que dominava os Estados
Pontifícios;
E a família real dos
Habsburgos, que governavam vários territórios da Itália e à qual pertencia o
imperador da Áustria.
O movimento de unificação
foi dirigido por duas
vertentes políticas: monarquistas
e republicanos.
Os monarquistas eram
representados pelo conde Camilo de Cavour – primeiro-ministro - que liderava
sob o nome do rei Vitor Emanuel II, governante de dinastia genuinamente italiana. Essa condição dava mais legitimidade a seus governantes para falar em nome dos
italianos.
Esses monarquistas
partiram do Reino do Piemonte-Sardenha, uma região que possuía uma economia
diversificada, comparando-se a outras regiões da Itália, porque além da agricultura,
da pecuária, do comércio e da produção artesanal, havia se iniciado o processo de
industrialização no
território.
Com isso, gerou-se mais riqueza, o que permitia uma arrecadação e
investimento maior no fortalecimento militar.
Cavour sabia que para
unificar o país precisaria passar por cima dos austríacos. E eles eram muito
poderosos, dominavam o reino Lombardo-Veneziado e as regiões de Módena e
Toscana. Fora a influência no restante da Itália.
Cavour concluiu que
precisaria de ajuda para enfrentar um inimigo tão poderoso e negociou com os
franceses essa ajuda. Napoleão III, imperador da França, fez um acordo secreto,
prometendo ajuda ao Piemonte numa guerra contra Áustria em troca de alguns
territórios (Savóia e Nice).
Em 1859, Cavour e
Napoleão começaram a guerra e em dois meses conseguiram conquistar a região da
Lombardia.
Até aí, era pouca coisa e havia muita luta pela frente... porém,
essa primeira vitória sobre a Áustria acabou sendo um estímulo para revoltas
populares nos ducados de Parma, Módena e Toscana.
Como resultado desses
movimentos, os antigos governantes dessas regiões foram expulsos. Houve um
plebiscito e finalmente as três regiões foram unidas ao Piemonte.
Do outro lado da Itália,
no Sul, essas revoltas ainda agitavam o Reino das Duas Sicílias. Com isso,
Giuseppe Garibaldi, que era um nacionalista republicano, organizou um exército
de voluntários conhecidos como “Camisas Vermelhas” e partiu de Gênova para desembarcarem
na Sicília. Chegando lá, rapidamente conquistou o apoio da população local e
conseguiu derrotar o exército de Nápoles, capital do reino. Garibaldi tomava
assim a cidade.
Garibaldi percebeu que se
entrasse em confronto com o Conde de Cavour, ele poderia rachar novamente a
Itália, já que ele, como republicano, não apoiava a monarquia de Vitor Emanuel
II.
Mas, em prol da unificação, optou por deixar a política republicana por
enquanto para que ao menos a Itália fosse um único território.
Itália se uniu e Vitor
Emanuel II foi proclamado rei. Mais tarde a Itália aumentaria de tamanho,
chutando os Habsburgos... mas ainda faltava uma parte muito importante, que
ainda hoje é a capital da Itália: Roma.
A tarefa era difícil por
causa da resistência do Papa que desde a Idade Média estava lá, como título,
governando parte da Itália: os Estados Pontifícios.
Os italianos não invadiam
ou guerreavam com esses Estados porque eles passaram a ser protegidos pelos
franceses que até então haviam ajudado os italianos contra os austríacos.
Sentindo-se traídos, um grupo radical chegou a tentar assassinar Napoleão III,
mas fracassaram.
Napoleão III, aliás,
ficava em Roma protegendo o governo papal porque isso lhe trazia apoio dos
católicos no governo da França em seu próprio governo. Porém, em 1870, a
situação mudou completamente. Os franceses juntaram todas suas tralhas, suas
armas e seus equipamentos e fugiram da Itália em direção a um outro lugar,
conhecido como Prússia.
Daí em diante foi fácil
tomar o território e Roma foi feita a capital da Itália. O papa não ficou nada
feliz e dizia-se prisioneiro do rei da Itália.
Esse problema só foi solucionado
em 1929, com a criação do Vaticano quando um cara chamado Benito Mussolini – um
fascista e líder italiano, que mandava até mesmo mais do que o rei, Vitor
Emanuel III - assinou o Tratado de Latrão, num acordo com a Igreja, doando-lhe
parte do território e dando origem ao menor Estado soberano do mundo.
Diferenças regionais
Essa unificação eliminou
fronteiras, favoreceu a industrialização, mas acentuou as diferenças regionais
na Itália. Enquanto o norte se industrializava, o sul permanecia arcaico, nos
velhos latifúndios de agricultura, longe das fontes de energia e dos grandes
eixos econômicos.
A situação das pessoas no
Sul era bem difícil e ia se agravando: conforme a população aumentava, também
aumentava o desemprego.
Para muitos italianos a
alternativa era a emigração. Foi assim que a partir de 1870, os italianos, em
número crescente, vieram para América. Muitos vieram pra cá, no Brasil,
trabalhar nas fazendas de café.
ANEXO I
ANEXO II
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