domingo, 8 de abril de 2012


Unificação Italiana


Apesar de Itália ser o nome pelo qual era conhecido o território italiano, até a primeira metade do século XIX o país não existia. Era separada em espaços independentes entre si, com diferenças nos dialetos e muita rivalidade entre os nascidos nas diferentes regiões. Ainda assim, grande parte dos habitantes dessa península acreditavam fazer parte de um único povo, o italiano.


Os habitantes da Itália estavam distribuídos em vários Estado (ANEXO I):

1.         Os reinos Lombardo-Veneziano pertenciam ao imperador da Áustria.
2.         Os ducados de Módena e Toscana eram governados por príncipes Habsburgos.
3.         O Reino das Duas Sicílias, com capital em Nápoles era governado por um ramo da família Bourbon.
4.         O ducado de Parma também era governado por membro da família Bourbon.
5.         Os estados Pontifícios (incluindo Roma) estavam subordinados ao Papa.
6.         O Reino do Piemonte-Sardenha era governado pelo rei Vítor Emanuel II, da dinastia de Savoia.


A Itália nesse período começava a alimentar um sentimento nacionalista, assim como a Alemanha.


No começo do século XIX, em 1814, aconteceu o Congresso de Viena, que redividiu o território europeu (ANEXO II). Quem participou e o que esse congresso pretendia?


Os principais países participantes foram a Áustria, Inglaterra, Rússia, Prússia e França. A ideia era restaurar o antigo regime europeu, ou seja, retornar à situação política europeia antes da Revolução Francesa no que se refere ao governo – devolução do governo de cada país aos herdeiros das antigas monarquias absolutistas – e territoriais. Essa foi uma aliança entre as monarquias tradicionais que pretendiam reprimir a onda liberal que surgiu na Europa e foi ampliada pelas conquistas napoleônicas. 


Como consequência, a Áustria pegou uma parte do território italiano, o que gerou um desconforto muito grande para população daquele território. 


Em 1820, 1830 e principalmente em 1848 a Itália entrou em confronto para recuperar seu território, sob a liderança de Giuseppe Mazzini, que dizia: “Nem papa nem rei. Somente Deus e o povo nos abrirão caminho para o futuro!”. 


Ele acreditava numa revolução popular para derrubar os governantes estrangeiros e criar um Estado Unificado.


Essa vontade de Mazzini não se realizou, mas permaneceu nas gerações posteriores.


A unificação italiana tinha dois fortes opositores: a Igreja, que dominava os Estados Pontifícios;


E a família real dos Habsburgos, que governavam vários territórios da Itália e à qual pertencia o imperador da Áustria.


O movimento de unificação foi dirigido por duas vertentes políticas: monarquistas e republicanos.


Os monarquistas eram representados pelo conde Camilo de Cavour – primeiro-ministro - que liderava sob o nome do rei Vitor Emanuel II, governante de dinastia genuinamente italianaEssa condição dava mais legitimidade a seus governantes para falar em nome dos italianos.


Esses monarquistas partiram do Reino do Piemonte-Sardenha, uma região que possuía uma economia diversificada, comparando-se a outras regiões da Itália, porque além da agricultura, da pecuária, do comércio e da produção artesanal, havia se iniciado o processo de industrialização no território. 

Com isso, gerou-se mais riqueza, o que permitia uma arrecadação e investimento maior no fortalecimento militar.


Cavour sabia que para unificar o país precisaria passar por cima dos austríacos. E eles eram muito poderosos, dominavam o reino Lombardo-Veneziado e as regiões de Módena e Toscana. Fora a influência no restante da Itália.

Cavour concluiu que precisaria de ajuda para enfrentar um inimigo tão poderoso e negociou com os franceses essa ajuda. Napoleão III, imperador da França, fez um acordo secreto, prometendo ajuda ao Piemonte numa guerra contra Áustria em troca de alguns territórios (Savóia e Nice).


Em 1859, Cavour e Napoleão começaram a guerra e em dois meses conseguiram conquistar a região da Lombardia. 

Até aí, era pouca coisa e havia muita luta pela frente... porém, essa primeira vitória sobre a Áustria acabou sendo um estímulo para revoltas populares nos ducados de Parma, Módena e Toscana.


Como resultado desses movimentos, os antigos governantes dessas regiões foram expulsos. Houve um plebiscito e finalmente as três regiões foram unidas ao Piemonte.


Do outro lado da Itália, no Sul, essas revoltas ainda agitavam o Reino das Duas Sicílias. Com isso, Giuseppe Garibaldi, que era um nacionalista republicano, organizou um exército de voluntários conhecidos como “Camisas Vermelhas” e partiu de Gênova para desembarcarem na Sicília. Chegando lá, rapidamente conquistou o apoio da população local e conseguiu derrotar o exército de Nápoles, capital do reino. Garibaldi tomava assim a cidade.


Garibaldi percebeu que se entrasse em confronto com o Conde de Cavour, ele poderia rachar novamente a Itália, já que ele, como republicano, não apoiava a monarquia de Vitor Emanuel II. 


Mas, em prol da unificação, optou por deixar a política republicana por enquanto para que ao menos a Itália fosse um único território.


Itália se uniu e Vitor Emanuel II foi proclamado rei. Mais tarde a Itália aumentaria de tamanho, chutando os Habsburgos... mas ainda faltava uma parte muito importante, que ainda hoje é a capital da Itália: Roma.


A tarefa era difícil por causa da resistência do Papa que desde a Idade Média estava lá, como título, governando parte da Itália: os Estados Pontifícios.


Os italianos não invadiam ou guerreavam com esses Estados porque eles passaram a ser protegidos pelos franceses que até então haviam ajudado os italianos contra os austríacos. Sentindo-se traídos, um grupo radical chegou a tentar assassinar Napoleão III, mas fracassaram.


Napoleão III, aliás, ficava em Roma protegendo o governo papal porque isso lhe trazia apoio dos católicos no governo da França em seu próprio governo. Porém, em 1870, a situação mudou completamente. Os franceses juntaram todas suas tralhas, suas armas e seus equipamentos e fugiram da Itália em direção a um outro lugar, conhecido como Prússia.


Daí em diante foi fácil tomar o território e Roma foi feita a capital da Itália. O papa não ficou nada feliz e dizia-se prisioneiro do rei da Itália. 

Esse problema só foi solucionado em 1929, com a criação do Vaticano quando um cara chamado Benito Mussolini – um fascista e líder italiano, que mandava até mesmo mais do que o rei, Vitor Emanuel III - assinou o Tratado de Latrão, num acordo com a Igreja, doando-lhe parte do território e dando origem ao menor Estado soberano do mundo.


Diferenças regionais
Essa unificação eliminou fronteiras, favoreceu a industrialização, mas acentuou as diferenças regionais na Itália. Enquanto o norte se industrializava, o sul permanecia arcaico, nos velhos latifúndios de agricultura, longe das fontes de energia e dos grandes eixos econômicos.


A situação das pessoas no Sul era bem difícil e ia se agravando: conforme a população aumentava, também aumentava o desemprego.


Para muitos italianos a alternativa era a emigração. Foi assim que a partir de 1870, os italianos, em número crescente, vieram para América. Muitos vieram pra cá, no Brasil, trabalhar nas fazendas de café.



ANEXO I


ANEXO II


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