domingo, 8 de abril de 2012

Conceituando História

A palavra “História” tem suas origens na palavra grega Historíai, que significa investigação. Quem a escreveu foi o estudioso grego chamado Heródoto que viveu no século IV a.C.

“Uma pessoa não entra duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez não será a mesma pessoa, nem o mesmo rio”.

Vamos tentar compreender o que é História e como estudá-la. Não basta apenas ler o livro e memorizar os acontecimentos. Isso não chega a ser o mais importante para nós. Devemos não apenas entender o que estamos lendo, mas também o que estão escrevendo por aí.

Para isso, primeiramente, eu gostaria de dizer-lhes que assim como a matemática, a física, ciência, gramáticas, etc, no estudo da História o que tentamos fazer é compreender a realidade a partir de paradigmas.

O que são paradigmas? Vamos pegar um paradigma matemático.
2+2=4

Isso é um paradigma, uma estrutura, uma teoria, uma fórmula. Ela está correta? Sim. Sempre estará correta? Seu resultado é indiscutível? 2+2 será igual a 4 sempre?

-------------------- 

Antes de chegarmos à resposta dessa questão, vamos refletir sobre um assunto paralelo: o tempo. E se eu dissesse para vocês que o passado não existe?

O tempo é uma abstração humana. Não tem base material, existe apenas no domínio das idéias. Como por exemplo, os sentimentos, a noção de espírito, o amor ou, no que nos interessa nesse momento, o tempo. Passado, presente e futuro não existem.

Mas quando olhamos para uma foto antiga, nós nos enxergarmos?

No caso das fotografias, o que faz com que nós nos identifiquemos com a foto são as moléculas de nitrato de prata (AgNO 3), que são fotossensíveis e captam uma quantidade de incidência de luz que atravessa um pequeno orifício, entra numa pequena câmera escura e se torna, após inúmeros e complexos processos, uma imagem.

Essas moléculas de nitrato de prata, somada a nossa memória de um passado já inexistente nos remete a sensação de que o que está na imagem sou eu, ou você, mas o que há ali, no momento em que você vê a imagem, nada mais são que essas moléculas de nitrato de prata somada a memória de cada um de nós.  O resultado disso são as lembranças do passado.

“Ah, mas podemos dizer que a fotografia é um registro do passado e isso comprova que ele existe”

Um registro do passado não é o passado.
Assim como a memória de um fato, não é o fato.

Vamos pensar da seguinte maneira:
Medir as coisas significa contabilizá-las, correto?

Podemos medir o comprimento de um fio de cabelo (espaço), mas esse comprimento será relativo a um determinado tempo, pois se o cabelo está grudado no seu couro cabeludo, ele está constantemente crescendo alguns milionésimos de milímetros, sem parar, então ele pode ter 5 cm em um determinado momento, quando medido,  mas no instante seguinte ele terá 5 cm e alguns milionésimos de milímetros. 
O tempo e o espaço não param.

Assim sendo, concluímos que não existe nada parado no universo e tudo está em constante movimento. Não existe uma medida exata para nada. A própria exatidão é uma abstração humana, ou seja, uma limitação cognitiva.

Vamos expandir isso para o mundo eletrônico.

Em nosso corpo há incontáveis átomos e dentro desses átomos há incontáveis elétrons, aliás, em todo o lugar, na parede, no chão, no carro, nas roupas, etc – elétrons são partículas minúsculas que não conseguimos enxergar e que ficam girando milhões de vezes em torno do núcleo do átomo e assim ligam-se à outros átomos formando uma força de coesão e isso nos impede, por exemplo, de atravessarmos paredes.

Assim, os elétrons nunca param... Eles não podem parar, estão em constante movimento. E enquanto eu e você nos cumprimentamos, estamos trocando trilhões e trilhões de eletronzinhos, mas não percebemos mudança alguma. Nossos sentidos não conseguem captar esse tipo de reação.  De um ponto de vista atômico, então, onde termina o Elder e começa (nome)?

Apesar disso, nós nos reconhecemos enxergarmos uns aos outros, identificamos uns aos outros, medimos, pesamos e tudo o mais para dar sentido a nossa existência. Aliás, baseamo-nos em nossos cinco sentidos para organizar nossa realidade. Mas esses sentidos podem os enganar. Por exemplo: o sol, nesse horário ele está logo acima de nossas cabeças, mais tarde ele irá se esconder no horizonte e antes de tudo isso, mais cedo, ele vem nascente de um dos lados, subindo até chegar em nossas cabeças, correto?

Claro que não. Está errado. Nós, que nos baseamos em nossos sentidos, no caso, na visão, vemos o sol se mover... mas quem está se movendo na verdade é a Terra. Por isso nossos sentidos também podem nos enganar.

Isso tudo apenas torna evidente nossa limitação e incapacidade de ir além. Essa limitação mede e define o que somos: seres humanos. Mas não pensem que isso tudo é ruim. Somos assim, como toda criação animal, elementos da natureza.

Há uma frase que resume tudo o que dissemos até agora:
“Uma pessoa não entra duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez não será a mesma pessoa, nem o mesmo rio”.

Muito bem, agora que vocês já entenderam que nós simplificamos a realidade a fim de entendê-la, podemos nos perguntar, o que isso tudo tem a ver com História?

Exatamente a mesma coisa que tem a ver com a matemática, a física, as ciências, as artes etc. Tentamos compreender a realidade a partir de modelos.

Finalmente voltamos: O que são modelos?
2+2=4

Isso é um modelo, uma estrutura, uma teoria, uma fórmula. Ela é indiscutível? Não. É uma simplificação da realidade? Sim. Os números são infinitos, como posso definir um número como o 2 se antes de chegar nele há o 1,9 e depois o 1,99, e depois o 1,999, e depois o 1,9999 e assim por diante? Se são infinitos, supostamente não tem um fim, se não tem um fim, não há como o número 1 chegar no número 2, pois o espaço entre eles é infinito.

Apesar disso, esse modelo nos permite compreender as coisas? 

Permite compreender que se tenho 2 lápis e comprei mais 2 eu terei 4? Sim, a partir de uma perspectiva humana, sim, permite.

Assim sendo, iremos estudar a História a partir dessa perspectiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário