A palavra “História” tem suas origens na palavra grega Historíai, que significa investigação.
Quem a escreveu foi o estudioso grego chamado Heródoto que viveu no século IV
a.C.
“Uma pessoa não entra duas vezes no mesmo rio, porque na segunda
vez não será a mesma pessoa, nem o mesmo rio”.
Vamos tentar
compreender o que é História e como estudá-la. Não basta apenas ler o livro e
memorizar os acontecimentos. Isso não chega a ser o mais importante para nós.
Devemos não apenas entender o que estamos lendo, mas também o que estão
escrevendo por aí.
Para isso,
primeiramente, eu gostaria de dizer-lhes que assim como a matemática, a física,
ciência, gramáticas, etc, no estudo da História o que tentamos fazer é
compreender a realidade a partir de paradigmas.
O que são paradigmas?
Vamos pegar um paradigma matemático.
2+2=4
Isso é um paradigma,
uma estrutura, uma teoria, uma fórmula. Ela está correta? Sim. Sempre estará
correta? Seu resultado é indiscutível? 2+2 será igual a 4 sempre?
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Antes de chegarmos à resposta dessa questão, vamos refletir sobre um assunto
paralelo: o tempo. E se eu dissesse para vocês que o passado não existe?
O tempo é uma abstração humana.
Não tem base material, existe apenas no domínio das idéias. Como por exemplo,
os sentimentos, a noção de espírito, o amor ou, no que nos interessa nesse
momento, o tempo. Passado, presente e futuro não existem.
Mas quando olhamos para uma foto
antiga, nós nos enxergarmos?
No caso das fotografias, o que
faz com que nós nos identifiquemos com a foto são as moléculas de nitrato de
prata (AgNO 3), que são fotossensíveis e captam uma quantidade
de incidência de luz que atravessa um pequeno orifício, entra numa pequena
câmera escura e se torna, após inúmeros e complexos processos, uma imagem.
Essas moléculas de nitrato de prata, somada a nossa memória de um passado
já inexistente nos remete a sensação de que o que está na imagem sou eu, ou
você, mas o que há ali, no momento em que você vê a imagem, nada mais são que
essas moléculas de nitrato de prata somada a memória de cada um de nós. O resultado disso são as lembranças do
passado.
“Ah, mas podemos dizer que a fotografia é um registro do passado e isso
comprova que ele existe”
Um registro do passado não é o passado.
Assim como a memória de um fato, não é o fato.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Medir as coisas significa contabilizá-las, correto?
Podemos medir o comprimento de um fio de cabelo (espaço), mas esse
comprimento será relativo a um determinado tempo, pois se o cabelo está grudado
no seu couro cabeludo, ele está constantemente crescendo alguns milionésimos de
milímetros, sem parar, então ele pode ter 5 cm em um determinado momento,
quando medido, mas no instante seguinte
ele terá 5 cm e alguns milionésimos de milímetros.
O tempo e o espaço não param.
Assim sendo, concluímos que não existe nada parado no universo e
tudo está em constante movimento. Não existe uma medida exata para nada. A
própria exatidão é uma abstração humana, ou seja, uma limitação cognitiva.
Vamos expandir isso para o mundo eletrônico.
Em nosso corpo há incontáveis átomos e dentro desses átomos há
incontáveis elétrons, aliás, em todo o lugar, na parede, no chão, no carro, nas
roupas, etc – elétrons são partículas minúsculas que não conseguimos enxergar e
que ficam girando milhões de vezes em torno do núcleo do átomo e assim ligam-se
à outros átomos formando uma força de coesão e isso nos impede, por exemplo, de
atravessarmos paredes.
Assim, os elétrons nunca param... Eles não podem parar, estão em
constante movimento. E enquanto eu e você nos cumprimentamos, estamos trocando
trilhões e trilhões de eletronzinhos, mas não percebemos mudança alguma. Nossos
sentidos não conseguem captar esse tipo de reação. De um ponto de vista atômico, então, onde
termina o Elder e começa (nome)?
Apesar disso, nós nos reconhecemos enxergarmos uns aos outros,
identificamos uns aos outros, medimos, pesamos e tudo o mais para dar sentido a
nossa existência. Aliás, baseamo-nos em nossos cinco sentidos para organizar
nossa realidade. Mas esses sentidos podem os enganar. Por exemplo: o sol, nesse
horário ele está logo acima de nossas cabeças, mais tarde ele irá se esconder
no horizonte e antes de tudo isso, mais cedo, ele vem nascente de um dos lados,
subindo até chegar em nossas cabeças, correto?
Claro que não. Está errado. Nós, que nos baseamos em nossos
sentidos, no caso, na visão, vemos o sol se mover... mas quem está se movendo
na verdade é a Terra. Por isso nossos sentidos também podem nos enganar.
Isso tudo apenas torna evidente nossa limitação e incapacidade de
ir além. Essa limitação mede e define o que somos: seres humanos. Mas não
pensem que isso tudo é ruim. Somos assim, como toda criação animal, elementos
da natureza.
Há uma frase que resume tudo o que dissemos até agora:
“Uma pessoa não entra duas vezes no mesmo rio, porque na segunda
vez não será a mesma pessoa, nem o mesmo rio”.
Muito bem, agora que vocês já entenderam que nós simplificamos a
realidade a fim de entendê-la, podemos nos perguntar, o que isso tudo tem
a ver com História?
Exatamente a mesma
coisa que tem a ver com a matemática, a física, as ciências, as artes etc. Tentamos
compreender a realidade a partir de modelos.
Finalmente voltamos: O
que são modelos?
2+2=4
Isso é um modelo, uma
estrutura, uma teoria, uma fórmula. Ela é indiscutível? Não. É uma
simplificação da realidade? Sim. Os números são infinitos, como posso definir
um número como o 2 se antes de chegar nele há o 1,9 e depois o 1,99, e depois o
1,999, e depois o 1,9999 e assim por diante? Se são infinitos, supostamente não
tem um fim, se não tem um fim, não há como o número 1 chegar no número 2, pois
o espaço entre eles é infinito.
Apesar disso, esse
modelo nos permite compreender as coisas?
Permite compreender que se tenho 2
lápis e comprei mais 2 eu terei 4? Sim, a partir de uma perspectiva humana,
sim, permite.
Assim sendo, iremos estudar
a História a partir dessa perspectiva.
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